Nasci perto do mar, rodeada de verde dos pinheiros e do fumo das fábricas
Cresci com alguma tristeza pelo facto de ser filha de pais separados.
No entanto tive uma infância feliz com uma mãe que me adorava.
Vive as mais encantadoras experiências que uma criança pode viver.
Era a "rapariga" mais "rapazola" que havia na aldeia. Todas as outras estavam proibidas de me acompanhar. O meu grupo eram os rapazes, com eles, fazia as coisas mais incriveis, mas fantásticas. Jogos de berlinde, botão, futebol, "festivais da canção", ir aos pardais, aos quintais dos vizinhos, corridas pedestres e de bicicleta, enfim!
Cedo descobri o amor pelas palavras, letras de mãos dadas!
Destacava-me nas aulas de português e a intenção de escrever a história de mim era um projeto apenas adiado.
Mais cedo que o desejável engrossei o mundo dos que trabalhavam, realizando tarefas que não estavam no meu horizonte.
Licenciei-me em educação Fisica e Desporto. Fui professora. Casei e tive dois filhos.
Aposentei-me antecipadamente por várias razões entre as quais, ter mais tempo para escrever.
AMO a VIDA e VIVO O AMOR acima de tudo!!
“A minha mensagem vai no sentido de que não desistam perante as dificuldades.
Vivam a vida e escrevam sobre ela, façam-no com emoção, sentimento e prazer.
Aproveito a oportunidade para deixar o meu obrigada a todos quantos me lêem e se manifestam com palavras de elogio e carinho.”
Boa Leitura!
SMC - Escritora/poeta Fernanda Lopes é um prazer contarmos coma sua participação no projecto Divulga Escritor. Conte-nos o que a motivou a ter gosto pela poesia?
Fernanda Lopes - Antes de responder à sua questão, permita que lhe diga que é com imenso prazer que me vejo na revista Divulga Escritor e desde já o meu grande agradecimento pela oportunidade que me foi dada para dar voz ao que escrevo, expressão do que sou e principalmente de chegar a outros horizontes onde existem almas para quem a escrita é também uma paixão. Os meus parabéns a todos quantos a conceberam, concretizaram, nela trabalham e fazem chegar até nós.
Quanto à sua questão, a minha viragem na escrita de poesia, dá-se a partir do momento em que comecei a ouvir e a deparar-me com uma linguagem que naturalmente se articulava com mais beleza em poema. Por outro lado, tive a oportunidade de há muitos anos atrás ler a Invenção do Amor do Daniel Filipe que me marcou de um modo apaixonante.
SMC - Você escreve em outros segmentos que não seja poesia?
Fernanda Lopes - Bem, curiosamente até há dois anos atrás nunca tinha pensado escrever poesia. Apesar de desde miúda essa forma de expressão me sensibilizar, era na prosa que me destacava. Era frequente ouvirem-se manifestar a intenção de escrever uma autobiografia o que aliás não está posta de parte, apenas adiada. Mas tem sido na poesia e prosa poética que me tenho envolvido fundamentalmente. Confesso que não sei bem porquê. Talvez pela fluidez com que as palavras saem de dentro de mim e se relacionam num caminho de harmonia poética.
SMC - Fernanda, que temas você aborda em seus textos literários?
Fernanda Lopes - Eu falo de tudo o que sinto, o que sou. Dos sonhos, da vida, do amor, da paixão, dos afectos. Escrevo sobre o que me faz amar a vida e desejar prolonga-la até ao infinito. O mar, a lua cheia, o nascer e o pôr do sol, a emoção de um abraço. As lágrimas partilhadas, o sabor da liberdade, a conquista de direitos iguais, de sociedades justas onde o HOMEM seja tratado com dignidade e respeito.
SMC - Quais as melhorias que você citaria para a educação infantil literária?
Fernanda Lopes - Eu costumo dizer que a formação do homem começa no “berço”. Este berço envolve duas responsabilidades distintas, a família e o poder político. Mas é fundamentalmente às instituições governamentais que cabe legislar e criar os mecanismos – programas, formação de professores, equipamentos e materiais necessários que permitam desenvolver estratégias que criem nas crianças o gosto pela escrita e o prazer da leitura, a par de uma sensibilização aos pais, como elementos intervenientes indisponíveis na formação dos seus filhos. A par destes pressupostos há que garantir a acessibilidade dos livros e publicações do ponto de vista monetário.
SMC - Qual a mensagem que você quer transmitir aos leitores, através de seus textos literários?
Fernanda Lopes - Como lhe referi na terceira questão, tudo o que escrevo anda à volta da minha pessoa. Os meus sonhos, a vida que procuro viver com uma vontade desmedida, incondicional, o amor, a paixão, as palavras. Não pretendo dizer às pessoas que sejam como eu obviamente, quem é que eu sou…! Mas que sonhem, que não desistem, que procurem ver e sentir a vida com o que ela tem de fascinante. A beleza do mar, a emoção do nascer e pôr do sol, o prazer de caminhar na areia da praia fugindo das ondas, brincando. Não se deixem vencer pelos dias menos bons. Acreditar que o amor existe e querer amar “perdidamente”… É legitimo. Enfim!
SMC - Quais os escritores que são as suas referências literárias? Porque eles se tornaram uma referência para você?
Fernanda Lopes - Na minha adolescência devorava livros. Lia tudo. A biblioteca itinerante passava uma vez por semana, deixava a quantidade de livros possível. Camilo, Júlio Dinis, Eça, John Steiback, a Guerra e Paz Tolstoi, Romeu e Julieta de Shakespeare, entre outros são os autores dos grandes romances que me cativaram. Mais tarde, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Alvaro de Campos. E ainda mais tarde, Florbela Espanca, Daniel Filipe, Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade. O romance e a poesia destes e de outros marcaram-me profundamente e conquistaram-me com a mesma paixão com que hoje escrevo e me descubro.
SMC - Quais os seus principais hobbies, além de escrever?
Fernanda Lopes - Neste tempo presente, passo muitas horas a escrever e a partilhar. Privilegio a companhia dos amigos, estar presente em eventos onde se fale de poesia. A dança tem também um lugar de destaque na minha vida, sem esquecer a actividade física e contacto com a natureza.
SMC - Que dificuldade você encontra para a publicação de livros?
Fernanda Lopes - Em Portugal não existe uma política para a cultura. No Orçamento Geral do Estado as verbas destinadas à cultura, não são investimento em “massa humana”, são despesas, logo, donde facilmente concluímos que somos um pais com características de subdesenvolvimento onde a arte em diferentes aspectos não é reconhecida e por consequência ignorada. As editoras confrontam-se com falta de apoios e os escritores sofrem as dificuldades inerentes dessa lacuna.
SMC - O que você acredita que deva ser feito para amenizar estas dificuldades?
Fernanda Lopes - Obviamente que a implementação de politicas de apoio a estes sectores nomeadamente as que se inserem no ministério da cultura e que são a chave fundamental para que estas dificuldades sejam ultrapassadas.
SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projecto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a Escritora Fernanda Lopes, que mensagem você deixa para os nossos leitores?
Fernanda Lopes - Foi um enorme prazer participar no projecto Divulga Escritor. Destaco a pertinência das questões que me foram colocadas e agradeço a oportunidade de fazer chegar as minhas preocupações a todos quantos a lêem.
A minha mensagem vai no sentido de que não desistam perante as dificuldades.
Vivam a vida e escrevam sobre ela, façam-no com emoção, sentimento e prazer.
Aproveito a oportunidade para deixar o meu obrigada a todos quantos me lêem e se manifestam com palavras de elogio e carinho.
À jornalista Shirley M. Cavalcante um abraço por esta iniciativa.
Fernanda Lopes
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