Ficar calado ou... - por Maria de Fátima Soares

Ficar calado ou... - por Maria de Fátima Soares

FICAR CALADO OU…  

 

Suponho que muitos como eu, ao ler outros, se pronunciariam e chegam mesmo a abrir o local próprio para responder, aquilo que lido, nos "trespassou" a alma. Tilintou, cá dentro. Tal, como aquilo que nos "insulta," insurge a dizer qualquer coisa, por discordar, ou achar errado (mas, quem seremos nós para rebater) e depois... inclusive, depois de ter-se escrito o que se pensou ou sentiu... Apaga-se! Sai-se dali sem dizer nada, muito pelo receio do que possa ser interiorizado, totalmente díspar do que se quis dizer e que achamos melhor calar. Afinal... custa-nos tanto pensar que seria tão fácil o diálogo, mas nem sempre assim é quando do outro lado muitas vezes, há, como que uma arma apontada. Uma lâmina em riste!

Vulgarmente torna-se-me penoso calar-me quando a vontade de estabelecer contacto, acompanhamento ou "parceria" seria bom. Útil! Mas, desisto. Lamentando que nada do que pudesse dizer ao outro adiantasse. Fosse mal visto, ou recebido. Por mais carinho e ênfase que se ponha nas palavras que queremos transmitir, a alguém, elas aparecem-lhe somente como palavras... Sem levar o carinho dentro, ou a dedicação encavalitada. Até podem contê-los e na realidade, mesmo invisíveis, transportarem, esse afecto. Ele estar bastante perceptível, mas se quem lê... não quer ver! Aceitar. Ou faz dele tudo o que é desagradável e escusado. Então, nesse caso, é melhor assim. Quantas vezes, já apaguei, letras, que enderecei com carinho? Cheias de pacificação e ternura. Tão bem intencionadas, que as próprias palavras enrubesceriam, de ser tão doces? Quantas, já não deitei fora porque plenas de sentido para mim, não o fariam para outro. Poderiam até ofender. As pessoas "beliscam-se" com tão pouco! Quantas não escrevi para falar contigo e... é silêncio que lá fica. Será silêncio, também, que  me deixas? Creio, que sim!

Dói, não puder falar abertamente. Dói, quando entendem tudo ao contrário do que dizemos. Dói, quando se amolga no peito uma expressão qualquer, ao sufocá-la. Dói! Porque se mata a hipótese de outros dias… Conviver. Ser e estar. Continuar. De tanta, tanta coisa que se esgana, de cada vez que saímos num local, sem parecer ter entrado. 

 

 

 

 

 

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