FIM DE ANO!
Dezembro chega para encerrar o ciclo. Os “cata-ventos” dos ventos amenos continua chiando no alto da engrenagem para anunciar que permanece vivo, esperando um olhar de reconhecimento, um aceno de carinho à distancia, um sorriso e, principalmente, uma foto de turista curioso e admirado com seu volteio incessante. Suas imensas palas girando ao redor de si mesmas parecem um diafragma batendo mil fotografias da seiva da vida, do cotidiano, da sensatez da repetição universal; de sois que acordam, de luas que despertam, de estrelas que não se cansam nunca de piscar, como que dizendo: estou aqui, olhem pra mim!
Mais um ano que passou... Final de ano é cheio de luzes, de repetições iluminadas, encantadas com gritos infantes, e a astucia de curiosidades que sondam o próximo brinquedo, a próxima boneca vestida de alegria. As lojas enchem-se de curiosos à procura da mágica que ainda não aconteceu, do preço pagável, do mistério desvendado. Festas de Natal, surpresas floridas, pacotes reluzentes, abraços fraternos, amigos que surgem da noite que inicia no escuro lá de fora. Cheguem! Cheguem! Estamos com fome de reaproximação, com vontade de acarinhar, com lagrimas de alegrias. Venham, não esperem a euforia triunfar sozinha, venham fazer parte da massa em ebulição.
Final de mês é mais realista, menos pomposo, até porque está mais perto de nós, e nem sempre celebra aniversario. A vantagem do aniversário é a experiência adquirida, as histórias acumuladas para serem contadas mais tarde. A desvantagem é a ruga riscada no meio da face, ou nos cantos dos olhos, e delineadas como se fosse uma maquiagem elaborada pela vetusta natureza eternizada por Deus. A natureza ou o tempo, nos brinda muitas coisas, como dor na coluna, a sabedoria, artrose, visão de futuro, cansaço, aposentadoria etc.
Para alguns o final de ano trás alegrias extras, inesperadas, festas, bolos, salgadinhos, e champagne; brinda viagens para lugares paradisíacos, com falas e cardápios diferentes, alguns até exóticos, com direito a escorpião e/ou besouros. Gosto é exclusividade do cliente, não cabe recurso.
Para outros, muitos presentes para os filhos, mães, irmãos, parentes e aderentes, sem contar com os agregados, e finalmente um montão de contas para pagar nos próximos cinco meses. Contas para pagar é o assunto preferido da classe média, e não precisa alterar a voz. Tudo em nome do peru sacrificado; com farofa e azeitona. No Natal devemos dizer: “em nome do filho e do Espírito Santo”.
Ao Espírito Santo, agradecemos a abundancia cotidiana, e ao filho o simples fato de estar vivo, de ser nossa posteridade, nosso representante durante mais 70 ou 80 anos. O espírito de Natal prevalece sobre todas as outras prioridades, enquanto houver presépio e o Menino Jesus.
Anchieta Antunes – Dez/2014.