Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Francilangela Clarindo nasceu em Fortaleza / CE. Foi uma criança muito tímida e observadora. Amava ficar no quarto de seus pais, naquela cama grande de casal que a encantava, onde passava horas pensando, analisando fatos e ações, lendo e escrevendo seus poemas e reflexões. Aos domingos, gostava de ler o suplemento infantil do jornal. Aos oito anos enviou uma história para um concurso oferecido por ele e ganhou. Houve uma bela festa para comemorar o momento, e nela o lançamento de um livro. Foi a primeira vez que teve um contato direto com uma escritora, que a dedicou seu livro. Seu pai e sua irmã a acompanharam. Foi uma noite mágica! Um dia, relendo suas anotações, sentiu desejo de vê-las reunidas. E assim surgiu o primeiro livro.
“Caríssimos leitores, que tal tornarem-se também autores? Leiam mais! Escrevam mais! Exaurir-se em um texto faz a alma leve, o espírito tranquilo, a mente ativa. Vamos lá! Produzam! Mais cartas, e-mails, listas, bilhetes, cartões, resenhas, monografias, dissertações, releases, diários, artigos, livros. Leitores produzem autores. Autores, escritores. E escritores, leitores! É cíclico!”
Boa Leitura!
SMC - Prezada escritora Francilangela Clarindo, é um prazer contar com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que a motivou a ter o gosto pela escrita?
Francilangela Clarindo - O que me motivou ter um gosto pela escrita foi justamente a leitura. Em casa, desde pequena, mesmo sem ainda saber ler, folheava os livros que tinha à mãos, fazia neles minhas garatujas, meus desenhos, minhas primeiras palavras. Mais tarde, na escola, ao receber os livros didáticos, lia-os logo do início ao fim. Encatavam-me as histórias contidas neles. Os diversos autores iam-me sendo oferecidos através dos fragmentos dos textos de seus livros contidos ali. Era tão bom! Ler, ler e ler. Depois, fui registrando meus pensamentos, minhas decepções e crises, meus relatos e conclusões da vida, fazendo diários e poemas, tudo oriundo de horas de reflexão, pois sempre fui de pensar muito, analisar cada fato, além de conversar muito com Deus, o tempo todo assim.
SMC - Você hoje tem vários livros publicados, conte-nos o que a motiva a escrever livros?
Francilangela Clarindo - O que me motiva a escrever é o próprio ato em si, porque é muito bom escrever. E ver o resultado dos seus escritos em um livro é melhor ainda. E é bom para todo mundo. Mesmo sem se ter o objetivo de publicar, de ser escritor, ainda assim, nada melhor do que este exercício. Alivia a alma, faz você ser eloquente no pensar, falar e agir, há um encontro consigo mesmo no ato da escrita por ser você e o papel ali, uma folha em branco que será preenchida com seus pensamentos, suas reflexões, seu relato, o resultado de sua pesquisa, enfim, seu texto. Escrever com intenção, sem intenção, para descarregar a mente, para atender um trabalho do professor, para você mesmo, para outros, seja como for, nada melhor do que escrever, pura e simplesmente.
SMC - Escritora Francilangela, qual o livro que demorou mais tempo para ser escrito e publicado? Conte-nos um pouco sobre ele.
Francilangela Clarindo - Bem, temos aí dois fatos a considerar. Se formos pensar em datas, da origem do primeiro poema ao último, será Uma leve, apaixonante e tumultuada história de amor. Mas não é que tenha demorado a ser escrito, e não é um texto em prosa. É, de fato, uma reunião de textos isolados que fui escrevendo durante 20 anos, que depois reuni-os todos em um livro, que juntos, passou a contar uma história, a história do meu casamento. Mas, pensando em prosa, e tempo mesmo gasto para escrever, foi Entre Quatro Paredes, que levou 17 anos a ser escrito e publicado. É onde narro a história pessoal de um acidente que sofri que me impossibilitou andar por um período. Foi lá, ainda acamada, que pensei nele. Foi ótimo realizá-lo!
SMC - Qual o livro que demorou menos tempo para ser escrito e publicado? O que a motivou a escrever de forma mais intensa que os demais livros escritos? Que temas você aborda neste livro?
Francilangela Clarindo - Bem, este foi Socorro, meu príncipe virou sapo. Já havia combinado com o editor a data do lançamento de um livro, mas não cheguei a terminá-lo, e vi que não o terminaria até a data em questão. Mas, já tudo organizado, pensado, não queria que não acontecesse. Então sentei, pensei, peguei papel e caneta, e fui escrevendo uma história sobre o desejo feminino de encontrar seu príncipe encantado. Foram duas horas, sentar, escrever e terminar. Pronto! Já estava o livro para cumprir meu acordo com a editora. E assim surgiu Wina com seus sonhos de menina, hoje uma mulher de quarenta anos, mas que tem naquela época as suas doces lembranças, também as suas mazelas, que a fazem ser o que é atualmente.
SMC - De que forma você segmenta o público para quem você escreve? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas de acordo com esta segmentação?
Francilangela Clarindo - Não segmento o público para escrever. Escrevo! O texto nasce por si. Não há esta ou aquela intenção, geralmente, salvo um ou outro, quando tenho algo mais específico em mente. Mas, em geral, nem sei o que irei escrever, vai surgindo, e vou escrevendo. Isto mais com os poemas, que é o que escrevo muito. A prosa precisa ser mais criteriosa e até pode nascer espontaneamente, mas, claro, depois, precisa estar atenta aos fatos, ao que já aconteceu, aos personagens, ao ambiente, enfim, ao contexto de uma narrativa coerente e coesa, dependente, não isolada. E tudo me é matéria para escrever, por isto gosto já de andar com um caderninho para não perder as ideias. Muitas perdi, outras não concluí, mas estão sempre nascendo, borbulhando em minha mente, loucas para serem escritas.
SMC - Onde podemos comprar os seus livros?
Francilangela Clarindo - Você encontra meus livros nos sites da Pastelaria Studios, Multifoco, Garcia Edizioni, APED, Clube dos Autores, Navras, Literarte, Cultura e Travessa.
Maiores detalhes, por e-mail: francilangela.clarindo@gmail.com
SMC - Quem é a escritora Francilangela? Quais seus principais hobbies?
Francilangela Clarindo - É tão complexo falar de si, e ao mesmo tempo simples. Contraditório, como a vida, as pessoas, os fatos. Isto porque não somos seres isolados da emoção, do contexto. Há algo que digo aqui que poderá ser diferente, por uma circunstância, por estar fora de um contexto, ou, até mesmo, por eu rever minhas concepções, meu ponto de vista. Imaturamente, dizemos quem somos, cristalizamos e não arredamos pé de uma imagem que fazemos de nós mesmos. Já uma atitude mais madura nos leva a termos mais cuidado, quando já muitas coisas foram feitas e tomadas de surpresa. Mas, sou uma pessoa muito temente a Deus, que o ama de todo o coração, do meu jeito. Tenho uma ligação muito forte com minha família e gosto muuuuuuuuito de conversar com meus amigos.
SMC - Quais seus próximos projetos literários? Pensas em publicar um novo livro?
Francilangela Clarindo - Tenho tantos novos projetos. Minha cabeça ferve de ideias. E penso muito em publicá-las. Quero primeiro terminar de publicar tudo que já tenho feito, de uma menina, adolescente, jovem entusiasmada com a vida, amor e pessoas. Depois o que vier desta nova fase, uma mulher madura ( que talvez nunca crescerá!) Na verdade, amo a criança que fui, por isto lhe tenho tanto respeito e atenção. Crescer é tão árduo, tão difícil. A enxurrada de coisas que vivemos quando criança, aparecerão depois em forma de frustração, decepções, encontro com uma realidade nua e crua. Sonhos são desfeitos, pessoas têm suas máscaras retiradas e a vida se mostra bastante cruel com seus sentimentos, aspirações e desejos. Só mesmo com Deus para seguir.
SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?
Francilangela Clarindo - Ter mais leitores. Isto abriria o mercado para mais publicações. São interesses diferentes os dos leitores, editores e autores. Os primeiros querem sempre algo para ler, que os atenda em seus anseios, no que precisam naquele momento, seja distração ou pesquisa. Os segundos, estes sim, têm o objetivo claro de um retorno de venda, comercialização da obra para cobrir os custos e obter algum lucro. Os últimos, ai, não passam de sonhadores. Sonham com seus livros publicados, com seus textos lidos, têm uma visão poética, infantil, ilusória, fictícia, imaginativa como as histórias que criam. Mas o mundo é real, e assim também o é o mercado literário no Brasil. Mas, mais leitores para os inúmeros autores sonhadores agradaria aos editores e, assim, estariam todos felizes e realizados.
SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a escritora Francilangela Clarindo, que mensagem você deixa para nossos leitores?
Francilangela Clarindo - Caríssimos leitores, que tal tornarem-se também autores? Leiam mais! Escrevam mais! Exaurir-se em um texto faz a alma leve, o espírito tranquilo, a mente ativa. Vamos lá! Produzam! Mais cartas, e-mails, listas, bilhetes, cartões, resenhas, monografias, dissertações, releases, diários, artigos, livros. Leitores produzem autores. Autores, escritores. E escritores, leitores! É cíclico! Embarquem cada vez mais neste universo da leitura e escrita. Não esperem que alguém solicite, que surja uma oportunidade, que precisem. Vão lá junto dos textos, das páginas escritas, aprecie-os, leia-os. Vão lá junto da folha em branco e escrevam. Tornem a leitura e a escrita pontos corriqueiros em sua vida e colhas os frutos desta prática. Um cordial abraço a todos e nos encontramos lá nos livros. Um beijão e obrigada!
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