Gêmeos univitelinos
“Excelência, vou falar pela última vez: eu sou o José Paulo e não conheço essa mulher aqui.”
“Então o senhor está me dizendo que o oficial de justiça mentiu na certidão? Ele escreveu aqui que intimou o senhor dessa audiência.”
“Não estou dizendo que ele mentiu. Estou falando que a polícia conduziu a pessoa errada. Eu estava trabalhando e pronto! Os homens chegaram. Nem sei do que se trata, isso é coisa do meu irmão.”
“Que irmão?”
“O Paulo José, meu irmão gêmeo!”
“E você é quem?”
“O José Paulo.”
“Ai, ai!”
“Somos gêmeos univitelinos. Já ouviu falar? Idênticos. Zigoto único. Nem nossa mãe consegue saber quem é quem. Só há uma diferença em nós!”
“E qual é?”
“Meu irmão tem uma pinta na bunda, e eu não.”
“Ai, ai! Dona Ana, o cara que a senhora encontrou tinha pinta na bunda?”
“Ah, Doutora, não reparei isso não!”
“Mas você não olha a bunda de quem você transa?”
“Só quando eu transo com mulher, Doutora!”
“Obaaaaa! A senhora tem whatsapp, Dona Ana?”
“Tenho sim, é 99910...”
“Não! Não! Não! Vamos manter isso só entre a gente. Escreva nesse papelzinho aqui, por favor.”
“Claro, Excelência.”
“Voltando à audiência, nós temos que achar o pai dessa criança. Vamos fazer o seguinte: vou determinar que o laboratório faça o exame de DNA no Paulo José e no José Paulo, e coloque em letras maiúsculas e em negrito a seguinte determinação: ALÉM DO RESULTADO DO EXAME, O LABORATÓRIO DEVERÁ INFORMAR SE O PAI DA CRIANÇA TEM PINTA NA BUNDA OU NÃO. Dou por encerrada a audiência.”
“Dona Ana, deixe seu celular ligado essa noite!”