I D A
Sou vida tripudiando
na beira do abismo;
sou corsa riscando a mata virgem,
com minha carreira ligeira,
cascata banhando penhascos,
agulha cerzindo o tecido existencial
na borda da crença, na trança criança.
Sou obra Divina
habitando os campos de trigo.
Sou o pão que alimenta,
o amor que acalenta,
a esperança de chuva,
alegria de fartura,
felicidade luzidia,
que transforma semblantes
revive memórias,
e acende o dia.
Sou verdade espiritual
caminhante frugal,
sou diluvio de conceitos,
apanágio do direito,
sentença e justiça,
palavra e julgamento,
verdade e fronteira.
Sou o bicho que corre
buscando liberdade
de ouvir e calar,
de sentir e pensar;
mordo a fagulha que brilha,
flutua e escorrega
nas veias, artérias,
tribula e carrega
a seiva de vida.
Sou criatura.
Anchieta Antunes
Gravatá – 16/11/2015