Inquietações
Convoquei os deuses adormecidos
à beira de um rio seco.
Perdidas as harpas
as flautas
(num quase torpor de morte)
pairavam sobre a contemplação de glórias passadas.
Sem fonte que regue o meu canto,
sem rumo e já sem forças
de escarpas é o caminho
apenas miragem
passado…
Nem vestígios de terra prometida
nem a água para regar os cravos vermelhos
desse dia assinalado.
Num esforço
visceral
clamei por eles
quis saber de nós…
Porque hoje é dia de celebrar o trabalho
e ontem foi a liberdade.
(…)
Sem respostas
(os deuses continuam adormecidos)
rasgo a carne
atiro as vísceras ao vento…
Ah, lobos famintos
de um país à deriva.
Ausente, morto de pátria.