Intempéries
Deus está sempre me socorrendo.
Eu ali, parada, sempre a pedir...
O tempo me testa silencioso e insolente
Enquanto guardo-me na misericórdia dos dias.
Sou (in) deslaçável de mim.
Lembro-me dos jardins de rosas
O jardim da minha infância
Que um dia morreu junto com os meus suspiros.
Teimosamente
Continuei regando a minha tira de terra
Com as lágrimas que vertia
Queria ver nascerem amores perfeitos!
Esses sim, quem sabe não morreriam, nunca?
Mas tudo o que é vivo morre.
Com o tempo descobri
Que o que brota dentro de mim,
Isso sim é imperecível.
Por isso meus jardins ainda exalam cheiros
E Deus está sempre ali
De olho em mim
Mordendo o meu calcanhar para manter-me viva.
O amor anda a crescer!
Às vezes pergunto-me:
- como tão delicada flor resiste às intempéries?
A minha tira de terra é abençoada!
As minhas lágrimas, águas santas.