INVASÃO DE PRIVACIDADE
As pessoas se expõem cada vez mais. Chorando suas dores de amores ou compartilhando alegrias publicamente até para quem não conhecem. As pessoas perderam o senso ou o pudor, tornam-se íntimas de estranhos numa velocidade impressionante. Compartilham pensamentos, sensações. Situações irrelevantes. Gritam todos os seus passos, como se realmente importasse o que o outro pensa ou deixa de pensar.
Não sei se é o desejo inconsciente de se tornar uma pessoa pública. Não sei o que se passa. Só sei que a cada dia aparecem mais situações inusitadas e sem relevância, enchendo os meus olhos e a minha paciência. Tudo bem compartilhar momentos, querer eternizar e externar algumas situações. Mas têm pessoas que simplesmente perderam o freio, a dignidade e o senso de ridículo.
Não me interessa saber o que você comeu no café, no almoço e muito menos no jantar. Não me interessa quem você pegou ou quem partiu o seu coração. Eu até que sou solidária com algumas situações. Tenho os meus registros e compartilhamentos. No entanto, a privacidade ainda é um bem que devemos cultivar. Não me interessa saber de todos os seus passos. Eu não sou investigadora da polícia e muito menos detetive. Não é necessário fazer “check in” toda vez que dobrar a esquina.
A internet é uma ferramenta valiosíssima, devo admitir. Facilita a vida em tudo. Pesquisas, mapas, encontro de pessoas que em outra situação não se teria como. Mas é preciso limites. Saber o que expor. Filtrar as situações. Saber o que falar e para quem. Ela é uma mão de duas vias, tanto pode te ajudar como te colocar em situações que em futuro próximo cause algum tipo de dor de cabeça ou algum tipo de transtorno bem pior. Contudo, o seu manuseio é de livre escolha e cada um deve saber o que fazer com as suas próprias escolhas.
publicado em 02/05/2014