Joaquim Barbosa - Entrevistado

por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Joaquim Ferreira Barbosa, nasceu numa pequena aldeia do concelho de Penafiel. Tem dois filhos e dois netos, que são a sua maior paixão. Na sua juventude praticou muito desporto:- futebol federado e popular, voleibol e atletismo. Fez teatro como actor amador e dançou no rancho folclórico da freguesia. Teve uma actividade sindical e social intensa ao longo de muitos anos. Impulsionador do sindicalismo policial, participou na grande manifestação de 21-04-1989, que deu origem ao famoso banho de polícias a polícias, mundialmente conhecido pelos “SECOS e MOLHADOS”. Foi durante muitas anos Delegado e Dirigente Sindical “Tesoureiro” da ASPP/PSP. Sócio fundador da A.P.D.G., onde exerceu vários cargos de direcção.

Escreve poesia desde os 16 anos e foi ao passar à Pré-Aposentação que com tempo de sobra dos seus afazeres profissionais, basculhou o fundo do baú e reiniciou a sua escrita. Tem escritos poemas que habitualmente publica em diversos grupos do Facebook. Participou nas colectâneas de poesia Despertar dos Sentidos e Souespoeta II, nas Antologias volumes I do grupo Voar na Poesia e do Grupo Solar de Poetas e no II Sarau de poesia intitulado Mar-à-Tona do grupo Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa e ainda nos caderninhos de poesia do grupo Abrigo Poético. Alguns dos seus poemas têm sido declamados nas rádios Theyoung FM, Cova da Beira, Mimos de Amigos e Francisco Silva.

 

“...comprem livros, seja de que tipo for, leiam para enriquecimento de conhecimentos e poderem dar asas a quem sonha poder escrevê-los.”

 

Boa Leitura!

                                                                                                                       

SMC - Escritor Joaquim Barbosa é um prazer tê-lo conosco no projeto Divulga Escritor, você começou a escrever poesia aos 16 anos, depois participou de várias atividades incluindo atividades sindicais e militares. Conte-nos de que forma você vem conciliando as atividades profissionais das atividades literárias?
Joaquim Barbosa - É com prazer que participo no projecto Divulga Escritor. Iniciei-me na poesia por volta dos meus dezesseis anos, escrevia em verso especialmente para as namoradas e amigas.

Verdade que mais de metade da minha vida, na minha vida profissional exerci a actividade como Agente da Polícia de Segurança Pública. Trabalho difícil e nem sempre compreendido pelas populações. Estive na génese do sindicalismo policial, numa altura em que era muito difícil exercer a profissão, com um terrível afastamento dos elementos das diferentes categorias profissionais. Cargas horárias de difícil conciliação familiar e um sem número de direitos básicos, pelos quais os sindicatos lutaram e conseguiram alguns depois. O povo português conquistou a liberdade em 25 de Abril de 1974. Essa mesma liberdade apenas chegou à PSP após a confrontação de polícias na Praça do Comércio em Lisboa no dia 21 de Abril de 1989. No entanto, na altura, todo aquele que se identificava como sindicalista era perseguido e punido. Permita-me dar dois exemplos de coragem nesta luta:- Comissário Joaquim Santinhos e o Chefe José Carreira, infelizmente já falecidos. Ao longo da minha vida de Polícia exerci diversos cargos de dirigente e delegado sindical, culminando com o cargo de Tesoureiro do maior sindicato de polícias ASPP/PSP, nos últimos 11 anos de actividade. Presentemente estou aposentado e com mais tempo para a escrita e outros hobbies.

 

SMC - Qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através de seus textos literários?

Joaquim Barbosa - Gostava que a minha mensagem chegasse ao coração dos leitores, transformada numa mensagem de paz e bem-estar para o mundo.

 

SMC - Escreves em outros gêneros literários que não seja a poesia?

Joaquim Barbosa - Escrevo de tudo um pouco. Escrevi um pequeno romance que tenho na gaveta, particularmente gosto, mas está a hibernar. Escrevi a minha autobiografia completa num Portfólio reflexivo com conhecimentos adquiridos para a apresentação a júri para validação do 3.º Ciclo, através do projecto das Novas Oportunidades. Ultimamente dedico-me mais a escrever poesia, escrevo sobretudo em verso, já abordei a prosa, mas não gostei, embora de vez em quando escreva um poema em prosa.

 

SMC - Você já participou de várias coletâneas, pensas em publicar um livro solo?

Joaquim Barbosa - Verdade. Participei como co-autor em algumas Antologias e Colectâneas de poesia, o que me deu um enorme prazer. Quanto ao livro, Já tive um grande entusiasmo para tal, tive um livro montado, que emperrou na revisão dos textos e me levou a concluir que editá-lo naquela altura podia ter sido um erro. Mais tarde e com outro livro completo para edição acabei por não chegar a acordo com a editora. Ainda não desisti de editar um livro só meu. Tenho poemas interessantes e suficientes para mais que um livro, tem-me faltado a coragem para o dar à estampa, quem sabe um dia destes não o farei!

 

SMC - Quais os seus principais objetivos como escritor?

Joaquim Barbosa - Quero ressalvar o meu respeito pelos escritores poetas ou não e desde logo dizer que não me considero como tal. Serei quanto muito um escrevinhador, um baralhador de palavras, um eterno aprendiz de poeta. Não tenho grandes objectivos no que escrevo. Escrevo essencialmente para mim e considero importante que eu goste. O que escrevo publico em vários grupos do Facebook. Há alguns anos que o faço no Hi5 e na Netlog.  Bem depois de publicar o critério de apreciação cabe a cada um que lê.

 

SMC - Joaquim, quais os seus principais hobbies?

Joaquim Barbosa - Gosto muito de ouvir música, clássica e romântica, ver um bom filme de preferência de acção, suspense ou policial, jardinar e tratar da minha quintinha, onde cultivo produtos essenciais à alimentação, ler e escrever, andar de bicicleta e brincar com os meus netos, estes a minha maior paixão.

 

SMC - Como você vê as atividades literárias em Portugal?

Joaquim Barbosa - Vejo esta tranche de mercado duma forma muito pessimista. As novas tecnologias substituíram os hábitos de leitura. Longe vão os tempos em que havia um livro à mesa de cabeceira e noutros lugares caricatos. Isto faz-me recordar as respostas que um grande actor Brasileiro de seu nome:- António Fagundes, deu ao seu neto numa pseudo conversa, quando lhe perguntou quantos anos tinha, tendo rematado:- Tenho apenas 58 anos. É bem real tudo quanto nela se transcreve revela na perfeição a evolução verificada em tão pouco tempo. Hoje, mais do que nunca, tudo gira à volta do dinheiro. As editoras visam o lucro. As grandes livrarias faliram ou estão a passar por grandes dificuldades financeiras. Há muitas pessoas a escrever e querer publicar e muitas editoras para tal. Talvez demasiado de ambas as coisas. Quem se consegue impor no mercado, consegue vender o seu produto, os outros estão condenados ao fracasso. Não é fácil para ninguém que vem do nada, que se está a iniciar na escrita, impor-se no mundo literário. Acho que isso está reservado aos escritores de nome consagrado e aqueles que conseguem impor-se através do seu nome conquistado como figura pública, na vida desportiva, política ou dos meios de comunicação.

 

SMC - Conte-nos sobre sua experiência com o teatro, que lições você tirou do palco para a vida?

Joaquim Barbosa - Fiz teatro como actor amador poucos anos, mas entendo que no teatro tal como na vida o palco é duma permanente aprendizagem. Quem não se actualiza, fica irremediavelmente para trás.

 

SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal?

Joaquim Barbosa - Ora aqui está uma questão muito complexa. Como acima disse, as editoras visam o lucro, querem editar, produzir livros e mais livros e conseguem-no, através de quem se quer dar a conhecer, as livrarias cobram as suas percentagens nas vendas, nada ou quase nada sobra para os autores, que no fim apenas têm prejuízos, escrevem apenas por paixão. Os livros são colocados à venda a preços quase proibitivos para muitos bolsos. Em minha opinião os livros deviam ser mais baratos e as editoras deviam dar um maior acompanhamento após o lançamento dos livros, através da publicidade e colocação nas bancas das livrarias ou hipermercados, locais onde nos dias de hoje se vendem bastantes livros.

 

SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escritor Joaquim Barbosa, que mensagem você deixa para nossos leitores?

Joaquim Barbosa - Eu é que agradeço a oportunidade que me deram de me dar a conhecer e poder expressar a minha opinião. “UM LIVRO É UM EXCELENTE COMPANHEIRO”, bem feitas as contas, um livro acaba por não sair caro pelo quanto nos enriquece, pelo que deixo a seguinte mensagem:- comprem livros, seja de que tipo for, leiam para enriquecimento de conhecimentos e poderem dar asas a quem sonha poder escrevê-los.

 

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