José Lopes da Nave - Entrevistado

José Lopes da Nave - Entrevistado

por Shirley M. Cavalcante (SMC)

José Arménio Lopes da Nave, natural da Guarda, Portugal, licenciado em Ciências Sociais e Políticas.

Viúvo com três filhos e sete netos, dos quais cinco são raparigas. Frequentei o Liceu da Guarda e, tive a felicidade em ter magníficos professores de Português.

Devido aos curricula, muito cedo comecei a ler os autores clássicos portugueses, para além daqueles que a biblioteca liceal dispunha.

Recordo que o primeiro livro que li, aos 11 anos, (para além de, anteriormente, os infantis) foi de Júlio Verne: Um Herói de 15 anos.

A biblioteca municipal era também uma preciosa fonte de leitura.

Profissionalmente, exerci a minha atividade no Departamento Central de Planeamento, tendo tido a meu cargo os sectores da Segurança Social, Educação e Saúde. Neste caso, exerci funções de direcção na Região Autónoma dos Açores e Administração Regional de Saúde de Lisboa.

 

“Desde muito cedo, a apreciava em casa, dita por um tio que coabitava em casa de meus pais e muito me influenciou. De tal modo que alguns poemas, ainda retenho na memória.”

 

Boa Leitura!

 

 

SMC - Poeta José Lopes da Nave é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que o motivou a ter gosto pela escrita?

Nave - Antes de mais, quero agradecer a oportunidade que o projeto me oferece e louvar a Shirley pelo empenho com que abraça e manifesta na difusão de autores.

O meu gosto pela escrita (diga-se foi a contragosto), pois logo aos treze anos, o professor de português exigia aos alunos a redacção do Diário. Tal circunstância, para fugir à descrição das rotinas quotidianas, obrigava a atenta observação dos ambientes e a muita imaginação. De facto, este embrião ficou marcado em mim.

Este gosto pela leitura foi crescendo, acompanhando o tempo.

Na juventude, tentei os primeiros poemas, dos quais a grande maioria se perdeu.

Todavia, as exigências da atividade profissional obrigaram a pôr de parte o prazer por este tipo de escrita, até há cerca de alguns anos.

 

SMC - Que temas aborda em seus textos literários?

Nave - O ler as cartas de Vincent Van Gogh e do o irmão Theo, lembrei-me de registrar também a correspondência  com minha mulher (que ela guardou), desde o tempo em que nos conhecemos, noivado e ausências, quando me deslocava em serviço, a que intitulei O Amor em Carta.

Posteriormente, a fim de deixar testemunho aos filhos e netos, redigi um segundo texto O Nosso Tempo, descrevendo a nossa vivência, ao longo dos anos, nomeadamente a profissional.

Tenho em mãos um terceiro texto, A Saudade do Presente, motivado pela leitura do livro de Carlos Ruíz Zafon, Marina, que refere “a recordação desses momentos acompanha-nos para sempre e transforma-se num país da memória”.

Presentemente, o facto de ser membro de alguns Grupos do Facebook, reconduziu-me à poesia, conjuntura que havia interrompido desde a juventude.

 

SMC - Que a poesia representa para você?

Nave - Antes de mais, o deleite em a ler, discuti-la ao tempo, entre amigos e em ouvi-la dizer.

Desde muito cedo, a apreciava em casa, dita por um tio que coabitava em casa de meus pais e muito me influenciou. De tal modo que alguns poemas, ainda retenho na memória.

Simultaneamente, vejo a poesia como expressão de sentires reais ou imaginários, sempre a reflectir estados de alma.

Considero-a uma libertação de anseios.

 

SMC - Qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através do seu texto?

Nave - Seria estultícia da minha parte querer transmitir uma mensagem, perante a plêiade de escritores consagrados e já publicados no Divulga. Sinto apenas a gratificação da escrita e a alegria que me traz. Paralelamente, é um desafio a que me proponho, tentando progressivamente melhorar.

E, publicar em livro, é na verdade um anseio. O futuro o dirá. Esperemos?

 

SMC -  Pensas publicar um livro?

Nave - Como referi, tenho dois livros de edição circunscrita, todavia não tenho excluída essa hipótese, relativamente ao terceiro texto que referi.

 

SMC - Quais os seus principais hobbies?

Nave - Reconheço que ultimamente, tenho permanecido demasiado tempo em casa. Daí que a dedicação a Grupos do Facebook de que sou Administrador e me preenche, praticamente, o tempo. Todavia não dispenso a música, quer seja dita ligeira ou clássica, bem como a leitura.

Os convívios familiares e de amigos, sempre constituíram um prazer, além de referir o cinema, o bom cinema.

Cozinhar, revelou-se uma surpresa! Eu que não conseguia estrelar um ovo, resolvi comprar um livro de receitas experimentar. E, saía-me bem.

 

SMC - Que escritores são a sua preferência literária? Por que eles se tornaram uma referência para você?

Nave - Difícil responder a esta questão. A preferência foi evoluindo ao longo do tempo e, quase todos deixaram marcas. Por exemplo, li Servidão Humana de Somerset Maugham e O Homem que Ri de Victor Hugo, muito jovem e deixaram-me confundido.

Sem ignorar os clássicos portugueses e estrangeiros, O Sentido da Alma de Thomas Moore, Aldous Huxley, Milan Kundera, Mircea Eliade, Roger Graudy são autores que vou relendo, porquanto sinto certa afinidade com o conteúdo dos textos.

No domínio da poesia, o mesmo sucede com Florbela Espanca, Fernando Pessoa e Antero de Quental, entre mais.

 

SMC - De que forma você divulga o seu trabalho literário?

Nave - Diria que foi um mero acaso. Aderi ao Facebook, em meados de 2012 e comecei a publicar no meu perfil. Quase de imediato, convidaram-me para um Grupo, onde continuei a divulgar alguns poemas, todavia apenas durante um curto espaço de tempo.

Mais tarde, em Outubro (?) de 2012, fui igualmente convidado para o Grupo Jardim de Poesia e seguidamente para o Solar de Poetas e Sorrisos Nossos, nos quais fui designado como Administrador, ao mesmo tempo em que procurava aperfeiçoar, progressivamente, a escrita. Tem sido uma aprendizagem.

 

SMC - Como vê o mercado literário em Portugal?

Nave - Ponderando o rendimento das famílias, a partir do século actual, o custo dos livros é relativa e consideravelmente muito mais elevado. Assiste-se, diria, ao fenómeno da venda em pacote, promovida por alguns grupos, com um comportamento agressivo.

  

SMC -  Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projecto Divulga Escritor, muito bom conhecer o Escritor/Poeta José Lopes da Nave, que mensagem você deixa para os nossos leitores?

Nave - Que poderei dizer?

Aos autores consagrados que se lêem nos diversos Grupos, desejo que continuem a publicar, pois torna-se num deleite a sua leitura e uma fonte de aprendizagem, constante.

A todos que sintam gosto pela escrita, simplesmente não desistam e, assumam essa decisão quase como uma aventura. Os resultados far-se-ão sentir.

 

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