Liberdade - por Conceição Oliveira

Liberdade - por Conceição Oliveira

Liberdade

 

Quis chamar a madrugada na noite arrefecida

a água correndo a língua

na boca escura

torcida.

 

Quis ser harpa ardendo, soltando faísca

contra o poder abusivo

inflamada inocência

tarefa perdida.

 

Todos os astros deveriam ser poemas

rosários de flautas

ecoando por debaixo das mesas

onde se escondem abutres

comendo morfemas

e gritos.

 

Valas comuns, nossas bocas,

onde repousam os restos.

 

No vocábulo roubado ao poeta

morrem pedaços de estrelas

apagadas em prisões

na insalubridade…

 

Restos de sonhos

e o poder corrosivo

fritando nossos olhos

olhos de poetas

nossa alma

tudo,

tudo!

 

E mais a liberdade.

 

 

In, A VOZ DA LIBERDADE – Coletânea de Contos, Crónicas e Poesias -  Editora Sol (Projeto Editorial Sol Além-Mar)

 

 

 

 

 

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