Liberdade
Quis chamar a madrugada na noite arrefecida
a água correndo a língua
na boca escura
torcida.
Quis ser harpa ardendo, soltando faísca
contra o poder abusivo
inflamada inocência
tarefa perdida.
Todos os astros deveriam ser poemas
rosários de flautas
ecoando por debaixo das mesas
onde se escondem abutres
comendo morfemas
e gritos.
Valas comuns, nossas bocas,
onde repousam os restos.
No vocábulo roubado ao poeta
morrem pedaços de estrelas
apagadas em prisões
na insalubridade…
Restos de sonhos
e o poder corrosivo
fritando nossos olhos
olhos de poetas
nossa alma
tudo,
tudo!
E mais a liberdade.
In, A VOZ DA LIBERDADE – Coletânea de Contos, Crónicas e Poesias - Editora Sol (Projeto Editorial Sol Além-Mar)