LINGUAGEM: UMA FORMA DE (INTER)AÇÃO
Na perspectiva de linguagem entendida como um conjunto de práticas interacionais, dialógicas, fundadas e que fundam relações sociais, que se efetuam na forma de enunciados orais e escritos, pressupõe-se sempre «o outro». A enunciação é tida como lugar de expressão e, mais ainda, de construção de subjetividades, mas seu sentido só se produz em uma relação de alteridade.
Cabe então considerar que toda a formação discursiva de um indivíduo, na verdade, foi construída a partir de experiências discursivas de outrem. Os textos estão, portanto, marcados por inúmeras relações dialógicas. Do mesmo modo se comporta o nosso pensamento, que é alimentado, incessantemente, por pensamentos alheios. Assim, não há uma voz apenas em uma determinada fala, mas, incontáveis vozes, uma polifonia. A linguagem não deve ser entendida apenas como expressão do pensamento, ou enquanto mero instrumento de comunicação, mas sim como forma de (inter)ação entre os homens, levando em conta as condições de produção de um enunciado ou do discurso no processo interlocutivo.