Linguística uma Ciência autônoma
Os estudos que ocorreram no século XIX relacionados à linguagem humana eram predominantemente históricos, e continuaram sendo realizados nessa perspectiva, no meio acadêmico universitário, até meados do século XX, época em que ocorreu, de fato, a consolidação dos estudos sincrônicos. É preciso reconhecer, contudo, que o século XIX preparou o terreno para a constituição da Linguística como uma ciência autônoma.
Do mesmo modo que a humanidade passa por transformação, assim também tem sido a forma como o homem compreende a língua. Buscaremos iniciar este diálogo abordando a linguagem e a língua e suas nuances. Evidentemente, cada uma das fases por que passaram as pesquisas sobre a linguagem humana pautou-se em uma perspectiva filosófica, com seus fundamentos epistemológicos, o que contribuiu significativamente para que no início do século XX esses estudos se desvencilhassem do rótulo de «disciplina» para atingir o status de ciências humanas (Saussure, 1995; Fontaine, 1978).
Dessa forma, o século XX representou um marco na história da Linguística, já que neste período iniciaram-se os estudos, que vieram a ser chamados de linguística moderna, que teve como marco oficial a publicação póstuma do Curso de Linguística Geral, em 1916, de Ferdinand de Saussure.
Segundo Fontaine (1978, p. 35), os membros do Círculo de Praga fizeram uso do pensamento de Saussure contra os neogramáticos e buscaram em seu legado uma Linguística desligada das disciplinas que outrora a haviam submetido, acendendo ao estatuto de ciência.
Referências:
Fontaine, J. O Círculo Linguístico de Praga. São Paulo: Cultrix/Edusp, 1978.
Saussure, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1995.