Loucura mundana e loucura divina - por Mauricio Duarte

Loucura mundana e loucura divina

 

A ciência atual não faz diferença entre loucura mundana e loucura divina.  Loucura é loucura, dizem os médicos especialistas, psiquiatras, psicólogos, psicanalistas e psicoterapeutas em geral.  Mas haverá diferença entre esses dois estados?

Na Índia há muitas pessoas que trabalharam muito arduamente seu lado espiritual e que quase experimentaram a iluminação.  Por não terem um mestre – um mestre verdadeiro, um guru verdadeiro, não um charlatão – para orientá-las ficaram num estado de limbo, nem compreendendo o mundo material, objetivo, nem compreendendo o mundo espiritual, subjetivo.  Essas pessoas precisariam apenas de um “pequeno empurrão” e tornar-se-iam iluminadas.  Mas para a ciência estão apenas loucas...  Segundo o padre Divino Antônio Lopes: “Os santos são chamados pelos mundanos de loucos e fanáticos aqui nesse mundo, mas eles serão tomados de surpresa no dia do julgamento, quando virem os loucos num trono de glória.”

Indo mais além, muitos artistas, poetas e escritores falam da “divina loucura” no seu processo criativo, que necessita de um certo caos para dar vazão à concepção vital de sua obra de arte.  Jung fala da “morte do ego” e São João da Cruz de “A Noite Escura da Alma”.  O que há em comum nessas experiências?  A ponte comum entre elas é que “A nutrição divina, a inspiração, a integração ou o insight manifestam-se subitamente, na hora que parece ser a mais sombria, e a pessoa sente-se miraculosamente renascida.”

Desse modo, existiria uma loucura destrutiva, negativa e uma loucura criativa, transcendente?  É certo que sim se pensarmos que Sócrates descrevia a loucura dos poetas, dos sacerdotes, dos apaixonados e dos videntes como superior à sabedoria mundana e comum.  Um fato: Após a experiência de samádi, Ramakrishna não pôde fazer mais nada.  Se alguém dissesse uma palavra como Ram ele entrava em transe celestial, ele ainda não podia falar durante muito tempo ou colapsava em transe divino.  Por isto, serviu-se de um discípulo chamado Vivekananda para transmitir sua mensagem para o mundo.  Não é sempre que isto ocorre.  Segundo Osho, às vezes, acontece de um indivíduo se iluminar e poder transmitir sua mensagem também, mas é por puro acaso que isto ocorre, ou por pura predestinação divina, como queiramos encarar o fato.

Ramakrishna seria considerado louco se estivesse em algum país ocidental atual... A loucura e a lucidez são uma questão de grau e não de qualidade, na verdade.  Que saibamos distinguir e discernir entre o que é de Deus e o que é apenas uma patologia é condição fundamental para abrir os olhos à consciência plena e integral do ser humano.  Paz e luz.

Mauricio Duarte (DivyamAnuragi)

 

 

 

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