Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Lucinda Maria Cardoso de Brito nasceu em Oliveira do Hospital, uma pequena cidade do distrito de Coimbra, decorriam os anos cinquenta do século passado. Estudou na Escola Primária Feminina de Oliveira do Hospital, depois, no Colégio Brás Garcia de Mascarenhas e, mais tarde, na Escola do Magistério Primário da Guarda, terminando o curso em 1972. Foi professora durante 32 anos.
Em 2013, foi publicado o seu primeiro livro de poesia «Palavras Sentidas», numa edição do Município de Oliveira do Hospital. Em 2014, com edição de Poesia Fã Clube (Corpos Editora), saiu o seu livro «Alma». Em 2015, editou o livro «Divagando...», pela Orquídea Edições. Tem participado em várias Colectâneas e Antologias do GMH, da LLO e da Sui Generis.
Escrever é o seu maior desafio e, simultaneamente, o seu maior prazer. “Escreverei até que o coração e a alma me doam...”, costuma dizer. Subscrevendo Fernando Pessoa, afirma: “A minha Pátria é a Língua Portuguesa”, porque privilegia sempre a Língua Materna e o seu bom uso. Adora ler poesia.
Como autora, gosta de identificar-se apenas como LUCINDA MARIA e não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico de 1990.
“O que escrevo é uma catarse de mim própria... é o meu “eu” desnudado e transparente.”
Boa Leitura!
Escritora Lucinda Maria, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos o que mais a encanta na arte literária.
Lucinda Maria - Tudo me encanta na arte literária. Sempre gostei de ler. Fui uma leitora voraz na infância/adolescência/juventude. Gosto das palavras... amo a Língua Portuguesa... adoro a forma criativa como os escritores me envolvem no que escrevem. Sentir-me parte da trama, vivenciando cenas, sentindo tudo como se deixasse de ser eu, para passar a ser outrem... É assim a verdadeira literatura, a que lemos, mas parece que nos lê. E privilegio o rigor ortográfico, linguístico... Por isso, digo que nem todos os que escrevem são escritores... nem tudo o que se escreve é literatura.
Em que momento se sentiu preparada para publicar «Palavras Sentidas», o seu primeiro livro?
Lucinda Maria - Não sei se me senti preparada. Sempre escrevi muito, tanto prosa como poesia. Tendo bastantes escritos, publicar passou a ser um sonho, que vi concretizado, através da boa vontade do meu Município e do incentivo de alguns amigos. O título surgiu naturalmente... porque são, realmente, sentidas todas aquelas palavras, saídas de uma alma sensível/inquieta, sob a forma de sonetilhos, ou seja, sonetos com sete sílabas métricas. Preparada? Sei que, se fosse agora, escreveria de maneira diferente, mantendo a essência, porque sinto que estou a melhorar.
Que temas você aborda nesta obra literária?
Lucinda Maria - Abordo variados temas, mas com prevalência dos sentimentos e emoções. O amor está sempre presente, em toda a sua abrangência: filial, maternal, fraternal, pela natureza, pelos valores, pela sociedade... O que escrevo é uma catarse de mim própria... é o meu “eu” desnudado e transparente.
O que diferencia o seu segundo livro, «Alma», do seu livro mais recente, «Divagando...»?
Lucinda Maria - Como livro/objecto, a sua própria estrutura, a sua própria concepção. No que diz respeito ao conteúdo, penso que não são muito diferentes entre si. Muito melhores do que o primeiro, quanto à qualidade poética, apresentam poemas de géneros diversos, embora com prevalência dos sonetos, de versos decassilábicos e mesmo alexandrinos. No entanto, também escrevi acrósticos, versos brancos, sextilhas, oitavas... Num e noutro, os sentimentos imperam... o amor reina... com uma tónica um pouco magoada, insatisfeita.
Você já comentou o que a encanta na arte literária. E o que mais a atrai, em especial, nos textos poéticos?
Lucinda Maria - A poesia é uma arte mágica... algo misteriosa. Pode-se dizer muito em poucas palavras... pode-se dizer tudo, parecendo que não se disse nada. Há muitos tipos de poesia, mas eu gosto de rimar. Sou um pouco clássica, talvez até ultrapassada. Um bom poema é aquele que nos lê mais do que nós a ele. Depois, as imagens... o ritmo... é como se as palavras dançassem connosco! Conseguir dizer, em poesia, o que a alma sente é a expressão máxima da literatura, para mim. Tem vezes que o sentimento é tão intenso que parece comandar a mão que escreve... sem que nos apercebamos. É como fazer amor com as palavras!
Onde podemos comprar os seus livros?
Lucinda Maria - Os meus três livros foram um prazer, mas não rentáveis, em termos económicos. O primeiro esgotou rapidamente. Os outros estiveram à venda no lançamento, na Bibiloteca Municipal de Oliveira do Hospital e numa Livraria também da minha terra. Penso que ainda há exemplares. De resto, ofereci bastantes. Não é o dinheiro que me move... é mesmo o prazer da escrita.
Você já participou de várias antologias e colectâneas. Qual foi a participação que mais a cativou? Por quê?
Lucinda Maria - Em poesia, gostei muito de participar numa Colectânea do GMH, chamada «QUATRO POETAS», em que participei com oito poemas, dois acerca de cada um dos poetas portugueses: Florbela Espanca, Natália Correia, José Carlos Ary dos Santos e Fernando Pessoa. Foi um desafio, penso que conseguido, até porque conheço bem a obra de cada um deles, uma vez que já a estudei em Literatura. Em prosa, gostei de participar em «A BÍBLIA DOS PECADORES», promovida pelo também autor Isidro Sousa, através da Sui Generis. Aí, foi um duplo desafio. Porquê? Foi a primeira vez que fiz ficção, uma história totalmente idealizada por mim. De qualquer modo, gosto sempre de publicar, embora fosse do meu agrado que houvesse uma selecção mais criteriosa dos integrantes das obras.
Qual é o tipo de textos que gosta de ler e o que mais a encanta nessas leituras?
Lucinda Maria - Preferencialmente, gosto de ler poesia. Depois, narrativas bem escritas, com enredo, que me despertem o interesse e em que me sinta envolvida na trama. Gosto de livros policiais, porque são sempre um desafio, um teste à perspicácia. Gosto de textos bem escritos, incisivos, com frases curtas, bom vocabulário e boa construção frásica. Gosto de livros de ficção, com uma temática ligada à História de Portugal. Gosto de bons livros, que ensinam, que fornecem conhecimentos, embora eles sejam ou devam ser sempre isso mesmo. O que mais me encanta? É sentir-me transportada para o livro... para a trama... quase encarnar/sentir as personagens. Abrir um livro é fazer uma viagem... é embarcar num navio de sonhos... é, muitas vezes, entrar numa máquina do tempo. No que diz respeito à poesia, é semelhante, mas ainda mais profundo. Ler poesia é penetrar num mundo mágico/misterioso, porque o poeta é, quase sempre, um sonhador utópico. Mas... o que seria do mundo sem o sonho? Como disse um grande/enorme poeta português, António Gedeão, no seu magistral poema «Pedra Filosofal», “o sonho comanda a vida”! É isso que me encanta na leitura: é uma maneira de sonhar!
Sabemos que tenciona lançar brevemente um novo livro de poesia. Pode levantar um pouco o véu sobre o mesmo?
Lucinda Maria - Esse projecto ainda está no chamado “segredo dos deuses”, mas é minha intenção, sim. Como disse anteriormente, escrevo muito e todos os dias. Faço-o por gosto... com prazer... Também é importante para que faça cada vez melhor... nunca descuro o aperfeiçoamento, que, acredito, é sempre possível. Portanto, tenho muitos poemas escritos. Publicá-los em livro é sempre aliciante, mesmo que não seja lucrativo. Foi uma ideia repentina, mas já falei com o editor Isidro Sousa, responsável pelas Edições Sui Generis. O livro ainda não tem nome, nem capa... O conteúdo, esse, só precisa ser burilado, mas está feito. Se tudo correr como imagino, sairá no fim deste ano ou no princípio do próximo. Poesia... sim, variada, mas sempre com maior quantidade de sonetos.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Lucinda Maria. Agradecemos a sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para os nossos leitores?
Lucinda Maria - Primeiro, devo afirmar que foi um grande prazer estar convosco e responder às questões colocadas. Certamente muito mais haveria a dizer. A literatura é um mundo vasto/imenso... Depois, sou autora, sim... escrevo, tento fazê-lo com correcção e melhorar sempre, mas não me considero escritora. Sou mais uma escrevinhadora, sempre com ideias a fervilhar... sempre com vontade de passar para o papel o que me passa pela cabeça... aceitar desafios. Esta entrevista também foi um deles. Que mensagem deixo? Ora bem, para erradicar de vez a iliteracia reinante é preciso ler... ler... ler... de preferência livros em papel. Nada se compara ao folhear de um volume, sentir o cheiro, tactear a textura, ver as letras dançar à nossa frente um bailado, que, além de tudo, ainda instrui e alimenta a alma.
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