por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Luís Abisague nasceu em Bormela, Mondim de Basto, Portugal
Aos 14 anos foi trabalhar para a Póvoa de Varzim, onde viveu mais de 30 anos.
Foi na Póvoa, junto ao seu mar que desenvolveu o gosto pela poesia e pela escrita, vindo a entrar na senda poética em 1996 com a edição do seu primeiro livro “ Arco-Íris” .
Em 1998 emigrou para a Áustria e, inspirado pelo clima romântico da pátria de Mozart e enlevado pelas idílicas paisagens do Danúbio, descobriu um mundo novo que transformou para sempre o seu velho mundo.
Viena foi uma paixão à primeira vista. Servindo de berço para algumas das suas principais obras.
A estadia de Abisague na Áustria foi um período de grande actividade literária. Regressou a Portugal em 2004 mas em 2008 voltou a emigrar, desta vez para o Reino Unido, onde reside actualmente.
Em 1999 editou o livro “ Sonhos Flutuantes”. Em 2008 “O Drama de Sofia”, em 2011 “Póvoa Feiticeira” e em 2013 O Canto da Tameleja”.
“Tal como todas as minhas histórias, o enredo do livro “O Drama de Sofia” é constituído por pedaços da vida de muitas pessoas que cruzaram o meu caminho ao longo dos anos.”
Boa Leitura!
Divulga Escritor - Escritor Luis Abisague, é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor conte-nos em que momento pensou em publicar o seu primeiro livro?
Luís Abisague - O prazer é meu. Muito obrigado pela oportunidade de poder conversar consigo sobre este assunto. Sinto-me muito lisonjeado com a entrevista.
Publicar um livro era um sonho que se foi concretizando com o tempo. Tudo começou como uma brincadeira. Na verdade, um sonho perene que eu acalentava no coração.
A princípio meu propósito era apenas o de deixar um testemunho para os meus netos. Então lancei mão de um caderno e comecei a rabiscar uns apontamentos
dispersos sobre minhas experiências de vida e, muitos deles sem nexo nem sentido… com o passar do tempo os cadernos amontoavam-se numa prateleira da
despensa. Mas um certo dia esses cadernos não resistiram ao furor das chamas de um incêndio surgido do nada e rapidamente se tornaram cinzas, restando apenas memórias de memórias perdidas, tal como tantas outras. Juntamente com esses cadernos, a vontade quase obsessiva da publicação de um livro também se tornou mera cinza adormecida entre os vestígios de toda uma vida que queimara então, afinal, nada nesta vida é eterno a não ser o próprio Deus, e, como ‘O sonho comanda a vida’, depois de algum tempo de flagelação e lamúria. A vontade de escrever um livro, ressurgiu das cinzas do desânimo, mas desta vez, a vontade já estava mais madura e consistente e assim resolvi recomeçar a escrever minhas memórias, meus sentimentos e algumas ideias.
Estávamos na década de 90 quando tudo era muito mais difícil. Assim, sem saber bem que passos dar iniciei então uma importante jornada em direção à realização do meu sonho.
Amigos como José Luís Sepúlveda e Flora Ramôa, entre outros, foram fundamentais neste processo inicial. Do sonho à realidade foi apenas a distância da força de vontade e perseverança e com apoio de amigos e familiares, a quem estarei para sempre grato, nasceu meu primeiro livro intitulado “Arco-Íris”.
Finalmente tinha em minhas mãos o tão almejado livro e enquanto saboreava aquele momento constatei que a venda do livro andava a todo o vapor. Você pode imaginar o meu contentamento...
Divulga Escritor - Quando você escreveu “Arco-Iris”, já tinha planos para publicar o seu livro de sonetos “Sonhos Flutuantes”?
Luís Abisague - De forma nenhuma. Meu sonho era editar um livro para deixar como
memorial aos meus descendentes, entretanto, a edição de “Sonhos Flutuantes” foi uma consequência natural do meu percurso. Veio como um intruso intrometido que se tornou muito bem-vindo e fiquei muito feliz com a publicação dele.
O livro Sonhos Flutuantes não é composto só sonetos. Nele predomina o soneto,
mas tem um pouco de tudo. Na minha opinião, poesia é a expressão de sentimentos, harmonia, inspiração, culto ao belo e não exige métrica ou rima, mas eu gosto muito de sonetos, aliás, se pudesse só escreveria sonetos. Para mim o soneto é um poema com arte.
Divulga Escritor - Qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através de seus textos literários publicados em seus livros de poesias?
Luís Abisague - Neste mundo controverso onde os valores mercantilistas se sobrepõe aos valores inerentemente humanos, tais como solidariedade, bondade, amor e abnegação, tento transmitir uma mensagem de esperança, fé e determinação que, na minha opinião, são os pilares da construção da felicidade.
Divulga Escritor - Como foi a construção do enredo e personagens de seu romance “O Drama de Sofia”?
Luís Abisague - Tal como todas as minhas histórias, o enredo do livro “O Drama de Sofia” é constituído por pedaços da vida de muitas pessoas que cruzaram o meu caminho ao longo dos anos. Trechos de histórias que fui alinhando com o tempo, que, tal como a construção dos personagens enquadram-se em um contexto geográfico muito semelhante àquele onde nasci e cresci...paisagens trasmontanas reais.
Divulga Escritor - Qual o seu principal objetivo ao escrever o seu livro “Póvoa Feiticeira”?
Luís Abisague - Como menciono nestes dois poemas do livro “O Canto da Tameleja”que anexo à entrevista, eu já percorri muito chão, andei por muita terra, algumas idílicas as quais muito admiro, mas meu coração está ligado à Póvoa de Varzim por ter sido a terra que me acolheu em minha adolescência e juventude e, tal como Mondim de Basto, fazem parte de mim. São pedaços da minha alma e do meu coração. Ao escrevê-lo, meu objetivo é, expressar por escrito a minha gratidão, para com uma terra e um povo, que me recebeu de braços abertos
CAVALEIRO ANDANTE
Eu sou um triste cavaleiro andante,
Nascido lá na aldeia de Bormela,
Um dia vim embora e feito errante,
Procurei encontrar a terra bela.
De acordo com os ditames da ambição
Andei em busca desse novo mundo…
Dormi no chão, com pedras por colchão,
Como se fosse um reles vagabundo
De terra em terra eu fui, rua após rua,
Eu percorri tristonho, só, ferido.
E abracei o sol, o mar e lua…
E nessa caminhada sem ter fim,
Eu só parei aqui no Reino Unido,
Tão longe das montanhas de Mondim.
MUDANÇAS
Indo eu em busca desse pão sagrado,
Qual peregrino, parti à aventura,
Deambulando de um para o outro lado,
Como se fosse uma insana loucura.
Primeiro nessa Póvoa do mar,
Depois na Princesinha do meu Ave,
P’ra de seguida à Póvoa voltar,
Como p’ra o sonho não existe entrave
Chegou a hora da emigração
Para a Pátria de Mozart parti
Também com a minha mala de cartão
Envolto numa luta desgastante
Umas vezes ganhei outras perdi
Vestindo a pele de mais um emigrante.
Divulga Escritor - Onde podemos comprar os seus livros?
Luís Abisague - Meu livros podem ser comprados em algumas livrarias em Portugal, na Amazon, no Ebay e através do meu site.
Divulga Escritor - Soube que temos livros prontos a serem publicados, podes nos falar um pouco sobre eles?
Luís Abisague - Sim é verdade, tenho pelo menos 3 titulos prontos para edição. O conto infantil “A Ervilhinha”, que inclusive tem sido usado como recurso pedagógico em algumas escolas de Portugal; um romance que tem como título provisório “A Descoberta do Amor que conta a história de um casal imigrante e o outro é um livro de poesia de inspiração religiosa, onde se sobressai a imagem de um Deus pessoal que interage com os humanos, um bom pai relaciona-se com seus filhos.
Divulga Escritor - Agora uma pergunta curiosa, por que Luis Abisague como pseudônimo?
Luís Abisague - Como leitor da Bíblia Sagrada, admiro a história de Abisague, jovem judia que vivia no palácio do Rei Davi. Esse nome sempre me soou bem aos ouvidos e, ao descobrir que a palavra Abisague significa “filho de pai errante”, identifiquei-me com o nome pois sou filho de mãe solteira.
Divulga Escritor - Como você vê o mercado literário em Portugal?
Luís Abisague - Na verdade toda a gente reclama, mas eu não me posso queixar. Vivo na Inglaterra e os livros vão se vendendo em Portugal. Dizem que sou um homem de sorte. Concordo... tenho tido muita sorte na vida.
Divulga Escritor - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escritor Luis Abisague, que mensagem você deixa para nossos leitores?
Luís Abisague - Eu é que agradeço a oportunidade.
A mensagem que gostava de deixar era o seguinte: os grandes desafios e problemas de hoje, certamente serão menores e menos graves conforme o tempo for passando e muitas vezes até deixam de existir ou de ferir.
Os grandes problemas de hoje para os quais, não vê solução, se os escrever num papel e verá que seis meses ou um ano depois, parte deles já não existem. Portanto, para quê sofrer por antecipação?
Se tiverem fé, confiança e acima de tudo, acreditarem em si mesmos, certamente vão vencer, porque aqueles que acreditam de todo o coração e não desistem do seu sonho, se este for exequível, vai acontecer. Desistir nunca!
Além do mais, lembrem-se que existe um Deus que nos ama incondicionalmente que se preocupa com um simples cabelo nosso, acompanha cada passo nosso, vigia o nosso sono, torce pelo nosso sucesso como ninguém, se for preciso, pega em nós ao colo, faz ou manda fazer as coisas pela gente e jamais desistirá de nós. Para Ele não existe fracasso.
Um abraço,
Luís Abisague
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