por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Nasci em Alcanhões, no Ribatejo,onde vivi a infância e a adolescência. Depois do liceu parti para Lisboa para trabalhar. Entre o trabalho e os estudos vivi na Bélgica e nos E.U.A. onde adquiri um Mestrado em Psicologia e Aconselhamento em Ohio, na Ashland University.
Desde cedo deliciei-me com a leitura do jornal domingueiro e com os livros da Biblioteca Itinerante da Gulbenkian. Escrevi poemas e contos, de forma lúdica, tendo participado honrosamente em concursos literários do antigo Rádio Clube Português.
Ocupei os meus anos numa participação empenhada numa comunidade cristã, na criação de um bem sucedido jardim infantil, como empresária da Comunicação Social e como intérprete. Durante esse período editei - e escrevi - durante 3 anos, uma revista infantil mensal para uma comunidade cristã, apresentei por 3 anos um programa mensal na televisão estatal e tive um programa diário de duas horas, durante um ano, numa rádio local. A criança tímida e a adolescente deslumbrada, passados que foram os anos da criação de um filho e uma filha, voltou à superfície. E recomeçei a escrever. Hoje continuo com algumas dessas actividades e lecciono na Universidade Sénior de Salvaterra de Magos. Agradecida pela centelha divina em mim, deixo-me surpreender pela maravilha e pelo encanto das delicadezas da vida e da natureza, sobre as quais escrevo. Em 2013 participei na Antologia Poética “Palavras de Cristal” e publiquei um livro de crónicas, “Botões e Linhas”. Já em 2014 participei na antologia poética “Solar de Poetas”.
“Inspirei-me em Mark Twain que disse que “as biografias são apenas as roupas e os botões das pessoas”. Pregar botões é o primeiro passo de quem aprende a coser. Para mim, aprender a coser e a escrever foram aprendizagens de esforço, numa época em que os esquerdinos, como eu, eram corrigidos para aprenderem a usar a mão direita.”
Boa Leitura!
SMC - Escritora Luiza do Oh é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor. Apercebemo-nos que este nome é um pseudónimo. Escreveu sem ser conhecida? O que a levou a isso?
Luiza do Oh - Shirley Cavalcante o prazer é meu; o prazer de conhecer o projecto Divulga Escritor e de poder chegar a esse lindo país-irmão com a minha escrita. Não me considero uma escritora mas uma escrevente do que me encanta e me toca, umas vezes em prosa, outra em poesia. O pseudónimo não foi um meio de me resguardar, mas antes, uma forma de me revelar. Luiza do Oh é a minha natureza. Como disse, escrevo sobre o que me encanta; ao meu redor, e dentro de mim, não faltam ocasiões em que me espanto, me maravilho, me admiro com o que vejo e sinto. São as pequenas grandes maravilhas com que me cruzo rotineiramente que me presenteiam momentos de encantar. Do Oh foi a melhor forma de identificar a Luiza que está em mim.
SMC - Conte-nos o que a motivou a ter gosto pela escrita?
Luiza do Oh - Comecei por brincar com livros. O meu pai guardava com todo o cuidado os livros escolares dele, bem como alguns postais, relíquias do meu avô que enviara de França, durante a II Grande Guerra . Guardava-os num baú. Quando em menininha eu ficava doente, para me ocupar, a minha mãe deixava-me “brincar” com o baú. Os momentos do baú eram mágicos; o tempo passava enquanto eu via as letras, as gravuras e adivinhava a leitura, associando umas com as outras. Lembro ainda a beleza da caligrafia dos postais, que me intrigrava, por não poder adivinhar. Já quando comecei a estudar, guardo com especial carinho as lembranças do jornal de domingo – um luxo na nossa casa – e de como soletrava os cabeçalhos das notícias e os comentários às fotos quando ainda mal sabia ler. A leitura levou-me à escrita. Na escola o que mais preferia era a composição e, daí, parti para vários concursos que havia na rádio, para adolescentes. Nunca ganhei nenhum, mas tive o prazer de ouvir o meu nome anunciado como “menção honrosa”.
SMC - Que temas você aborda em seu livro “Botões e Linhas”?
Luiza do Oh Questões e reflexões da vida, soltas, que surgem da observação de muitas insignificâncias significantes.
SMC - Como foi a escolha do título?
Luiza do Oh - Inspirei-me em Mark Twain que disse que “as biografias são apenas as roupas e os botões das pessoas”. Pregar botões é o primeiro passo de quem aprende a coser. Para mim, aprender a coser e a escrever foram aprendizagens de esforço, numa época em que os esquerdinos, como eu, eram corrigidos para aprenderem a usar a mão direita. Coser e escrever - botões e linhas – foram-me aprendizagens duras. E, como o livro é composto de um “patchwork” de momentos e emoções não poderia ter outro nome! As linhas descrevem e cosem esses momentos que são iluminados pela cor da aprendizagem e das loucuras, quais botões que alegram e abrem uma peça de roupa revelando a sua singularidade.
SMC - Onde podemos comprar o seu livro?
Luiza do Oh - A editora Modocromia divulgou-o em muitas livrarias em Portugal: Bertrand, Dargil, Porto Editora, entre outras. Todavia, a forma mais directa para encomendar será através da prória Editora Modocromia ou do meu email:luiza.melancia@gmail.com
SMC - Quais seus principais objetivos como escritora? Pensas em publicar um novo livro?
Luiza do Oh - Escrever está em mim. Mais que não fosse, escreveria para mim, como sempre fiz. Mas, porque gosto de escrever e porque tenho leitores, não vou ficar por aqui. Um segundo livro de crónicas já se encontra em embrião. Ainda assim, antes dele sairá um de poesia que está só à espera do momento oportuno.
SMC - De forma geral qual a mensagem que você quer transmitir para o leitor através de seus textos literários?
Luiza do Oh - Como disse anteriormente, escrevo para mim, mais ainda que para os outros. Para mim, escrevo. Para os outros, publico. Acima de tudo, quero lembrar-me, e lembrar-nos, da alegria e da sabedoria das coisas simples; quero não esquecer que a vida é rir e amar e que sempre podemos fazer bonito. Se tivesse que escolher uma só palavra para responder à sua pergunta, resumiria tudo isto na palavra “esperança”.
SMC - Luiza, quais os seus principais hobbies?
Luiza do Oh - Jardinar, escrever e conviver. E não consigo não gargalhar. Deve ser hobbie, também.
SMC- O que mais te encanta na Literatura?
Luiza do Oh - O dom de me encantar; de me despertar para as coisas, para outros paradigmas, para mundos outros do pensamento e da escrita.
Isso é algo que estou a levar aos outros também no Clube de Leitura que lidero na Universidade Sénior de Salvaterra de Magos.
SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal?
Luiza do Oh - Somos um país grande com uma população reduzida e, poucos mas bons pode parecer bonito, mas é limitado, como limitadas têm de ser as edições dos nossos escritores, ou escreventes, como eu. Entendo que necessitamos de uma divulgação mais ampla pelas diásporas de portugueses pelo mundo, bem como nos países da lusofonia mais populosos.
SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a escritora Luiza do Oh; que mensagem você deixa para nossos leitores?
Luiza do Oh - Ame viver, mesmo que a vida se apresente feia. Isso lhe dará a força para fazer bonito para você e para os outros. Afinal, vida mesmo, só tem significado com os outros. Nenhum egoísta é feliz. Por isso, não prescinda da esperança e ria. Você fica mais mais leve, mais alegre, mais criativa/o, mais bonita/o.
Participe do projeto Divulga Escritor
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Esta entrevista tem o apoio da Editora Modocromia
https://editoramodocromia.blogspot.pt