MAR AGITADO
Que mar agitado!
Neste agito de hoje assobia o preamar.
Acaricia a areia; faixas inteiras, movendo e removendo-as para lá.
Olhem as espumas!
Como sussurram
Cuspindo espumas na orla do teu manto, pobre canto!
Orlas desfeitas pela próxima onda, ressaca.
Olhos de ressaca, Capitu, nos tragando como areia movediça.
Areia movediça, opiniões contrárias, líquidas, despida de valor, dizem, chacoalhando garrafas alheias. Enchendo copos perfeitos.
Diminuindo gigantes, sem saber o que é, de fato, corações solitários.
Nunca sofreram por amor, pois se sim, abraçariam estátuas, estados, inertes.
Chora o mar, agitado de bravos marinheiros, despidos de covardia e cheios de fúria, erguem tormentas. Vou contar um segredo, disse o velho marinheiro: O amor doma até tempestades.
E estes, preamares, arrastam navios, línguas compridas, veias intelectuais.
Despe o homem.
Assim, ao ficar nu, mostra-se comum, indefeso e pequeno como um grão de areia.
Poderia ser mais clara, mais objetiva, porém a luz, das minhas ideias, tremula como velas acesas no meio de violentas ondas.
Assim, sei apenas que a maré, sem dentes, nos traga sem misericórdia. Arrastando como pares, homens de escrita, pescadores de ilusão ou de mãos.
Jogou sua rede.
Para ela, somos todos iguais diante da fúria das marés.