Mar de bruma
Ficou. Na bruma e no mar, o sonho.
Na bruma de um mar tranquilo
o espírito de aventura preso ao tempo
dos senhores da guerra…
Como se o mundo fosse eterno e não houvesse morte…
Intactos,
destroços, lamentos,
desgraça e o carpir.
Em que fundos esconderam as caravelas?
O deserto abriu-se às almas e às mentes
corrompidas.
Aqui
os dias são cinzentos
de mar revolto e de pasmo a cumprir…
Onde param os homens empenhados
içando velas
desbravando oceanos
contra velhos do Restelo
e monstros de cabelos desgrenhados?
(…)
Sabeis que nossa força está no mar?
Sonhos e espectros voláteis como o vento norte
nos possuem.
Ora sei. De mim e de vós.
Que os desânimos e os silêncios afogaremos,
ainda que devagar…
Conceição Oliveira
In, "Mar à Tona – Mar de Bruma" - Antologia
Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa - Editora Modocromia, 2016