MARITACAS
É tão solitário andar entre “as gentes”
Vaivém frenético de andarilhos bem vestidos
Passos apressados
Um querer não querer
Um fazer sem receber
Um falar que destoa
Mia, engasga.
Pensar descosturado
Feito retalhos, trapos, fiapos
Chega à chuva
Tão miúda!
Tão chata a cair fina sem sorrir
Na praça ampla, larga, vazia chora
Contornada por asfalto
Carros, concreto: semanas e semanas
Sempre coberta com as folhas de palmeiras, quaresmeiras
Acompanhada de pássaros que cantam
Maritacas em bando
Pombos a cata de migalhas
Natureza a viver
Triste é andar sem gente, com gente, sem pés
É a vida!
A forte chuva, ao contrário da miúda, sempre mergulha no mar
Não deve haver solidão numa alma praça
Repleta de ideias
Terras cercadas por mares, montanhas,
Universo infinito de estrelas