Mauro Mota - por Eduardo Garcia

 

 Mauro Mota (M. Ramos da M. e Albuquerque), jornalista, professor, poeta, cronista, ensaísta e memorialista, nasceu em Recife, PE, em 16 de agosto de 1911, e faleceu na mesma cidade em 22 de novembro de 1984. Eleito em 8 de janeiro de 1970 para a Academia de Letras de Pernambuco na Cadeira número. 26, na sucessão de Gilberto Amado, foi recebido em 27 de agosto de 1970, pelo acadêmico Adonias Filho.

Filho de José Feliciano da Mota e Albuquerque e de Aline Ramos da Mota e Albuquerque, estudou na Escola Dom Vieira, em Nazaré da Mata, no Colégio Salesiano e no Ginásio do Recife. Diplomou-se na Faculdade de Direito do Recife em 1937.

 

“Quanta chuva minha gente!”

A chuva presente na Poesia de Mauro Mota

 

A Chuva Cai Sobre o Recife


A chuva cai sobre o Recife devagar,
banha o Recife, apaga a lua, lava a noite, molha o rio,
e a madrugada neste bar.
A chuva cai sobre o Recife devagar.
A chuva cai sobre o telhado das casinhas de subúrbio,
canta berceuses a doce chuva. É a voz das mães
que estão no canto de onde a chuva agora veio.
A chuva cai, desce das torres das igrejas do Recife,
corre nas ruas, e nestas ruas, ainda há pouco tão vazias,
agora passam de capote, transeuntes
do tempo longe, esses fantasmas de mãos frias.

 

Chuva de vento

De que distância
chega essa chuva
de asas, tangida
pela ventania?

Vem de que tempo?
Noturna agora
a chuva morta
bate na porta.

(As biqueiras da infância, as lavadeiras
correm, tiram as roupas do varal,
relinchos do cavalo na campina,
tangerinas e banhos no quintal,
potes gorgolejando, tanajuras,
os gansos, a lagoa, o milharal.)

De onde vem essa
chuva trazida
na ventania?

Que rosas fez abrir?
Que cabelos molhou?

Estendo-lhe a mão: a chuva fria.

 

Mauro Mota

Foi Professor de História do Ginásio do Recife e em várias escolas particulares.

Catedrático de Geografia do Brasil, por concurso público, do Instituto de Educação de Pernambuco. Foi secretário, redator-chefe e diretor do Diário de Pernambuco.

Colaborador literário do Correio da Manhã, do Diário de Notícias e do Jornal de Letras do Rio de Janeiro. De 1956 a 1971, foi diretor executivo do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais; diretor do Arquivo Público de Pernambuco, de 1973 até 1983; membro do Seminário de Tropicologia da Universidade Federal de Pernambuco e da Fundação Joaquim Nabuco. Foi membro do Conselho Federal de Cultura de Pernambuco e do Conselho Federal de Cultura.
Como poeta, destaca-se por suas Elegias, publicadas em 1952. Nessa obra figura também o "Boletim sentimental da guerra do Recife", um dos seus poemas mais conhecidos.
Recebeu o Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras e o Prêmio da Academia
Pernambucana de Letras por suas Elegias (1952) entre outros.

OBRAS POESIA: Elegias (1952); A tecelã (1956); Os Epitáfios (1959); O Galo e o Cata-Vento (1962); Canto ao meio (1964); Antologia poética (1968); Itinerário (1975); Pernambucânia ou cantos da comarca e da memória (1979); Pernambucânia dois (1980); Antologia em verso e prosa (1982).

ENSAIO CRÔNICAS: Entre eles, O cajueiro nordestino (1954); Província e academia (1954)

Fonte Jornal de Poesia


Escreveu prefácios a vários livros e colaborações em obras coletivas, na Enciclopédia Mirador Internacional, e Antologias nacionais e estrangeiras. Em disco (Boletim sentimental da guerra do Recife e Mauro Mota em prosa e verso), museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e de Pernambuco.

Presente em suas obras, assuntos nordestinos escrevendo sobre o cotidiano com uma linguagem bem simples e natural.

Destaco as poesias falando várias vezes na chuva do Recife, como quando diz:

 

O Guarda-Chuva

Meses e meses recolhida e murcha,
sai de casa, liberta-se da estufa,
a flor guardada (o guarda-chuva). Agora,
cresce na mão pluvial, cresce. Na rua,
sustento o caule de uma grande rosa
negra, que se abre sobre mim na chuva.”

 

Fonte Jornal de Poesia

 

Pesquisa e comentários

 LUIS EDUARDO GARCIA AGUIAR

 

Publicado em 14/01/2014

 

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