Memorável visita a Nabuco
Aproveitei o Feriado (21 de Abril) para visitar um lugar histórico, o Engenho Massangana, às margens da PE 60, no Município do Cabo de Santo Agostinho-PE.
É um dos acervos culturais da FUNDAJ - Fundação Joaquim Nabuco do Recife, de grande importância para a cultura histórica de Pernambuco e do Brasil, por se ater diretamente à memória do grande Jurista e abolicionista pernambucano, Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo.
Joaquim Nabuco nasceu na Cidade do Recife em 19 de Agosto de 1849.
Na sua trajetória, foi político, diplomata, historiador, jurista, orador, escritor, poeta e jornalista brasileiro. Formado pela Faculdade de Direito do Recife, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Na data de seu nascimento, 19 de agosto, comemora-se o Dia Nacional do Historiador.
O Engenho Massangana, propriedade da família, foi o lugar onde Nabuco viveu seus primeiros oito anos. Hoje, o Conjunto Arquitetônico foi transformado em acervo cultural para visitação popular, formado pela casa grande, a capela, inclusive a réplica da velha moenda de madeira talhada, tachos de bronzes e demais apetrechos do século XIX, que nos dão a sensação nostálgica de retorno ao passado longínquo da produção do açúcar bruto e da colonização escrava.
Nabuco foi o abolicionista nato. Educado no seio de uma família escravocrata, mesmo assim, optou pela libertação dos escravos, como ele próprio afirmou:
“Estive envolvido na campanha da abolição (...) vi os escravos em todas as condições imagináveis, (...), no entanto a escravidão cabe toda em um quadro inesquecível da infância (...). Eu estava uma tarde sentada no patamar da escada exterior da casa, quando vejo precipitar-se para mim um jovem negro desconhecido, de cerca de dezoito anos, o qual se abraça aos meus pés suplicando-me pelo amor de Deus que o fizesse comprar por minha madrinha para me servir. Ele vinha das vizinhanças, procurando mudar de senhor, porque o dele, dizia-me, o castigava, e ele tinha fugido com risco de vida... Foi este traço inesperado que me descobriu a natureza da instituição com a qual eu vivera até então familiarmente, sem suspeitar a dor que ela ocultava.” (do Livro Minha formação, cap. XX, Massangana).
O local, mesmo nos tempos modernos, sugere uma viagem ao passado. Em meio a árvores seculares, como: cajazeiras, jaqueiras, cajaranas e diversidade de outros frutos, dois pés de baobás africanos de, aproximadamente, trinta anos, simbolizando os escravos que ali existiram sob as ordens cruéis de seus senhores. Jardins, gramados bem cuidados, em torno dos casarios; pássaros e pequenos animais silvestres em reboliços mantêm viva a memória desse lugar onde Nabuco, criança, brincava com os filhos dos escravos a contra gosto de sua madrinha Ana Rosa.
A engenhoca da figura ao lado denota a mínima capacidade de produção de açúcar dos engenhos da época que, de forma artesanal, utilizavam animais para moverem essas engrenagens, e dezenas de escravos a alimentar a moenda com a cana, bem como a transportar tachos de caldos para a casa de purgar. Daí a quebra de centenas de engenhos existentes em Pernambuco pela transformação em usinas. Alguns, após falência, transformaram-se em engenhos mortos, expressão dada àqueles que abandonaram a produção de açúcar e se transformaram em propriedades de plantio e fornecimentos de cana para as usinas próximas.
Com o advento das usinas, Pernambuco alavancou sua economia, a partir da segunda metade do século XIX, transformando-se no Estado de maior produção açucareira da Federação.
Em meu livro, A Saga de Aripibu, 1ª Ed. 2012, relato o progresso das usinas, a transformação de engenhos em parques fabris de grande produção e desenvolvimento, na época áurea do açúcar, como a Usina Aripibu. Relato casos de senhores e escravos, bem como citações de Abolicionistas, entre os quais, Joaquim Nabuco, renomado e corajoso político que lutou contra a escravidão, vergonha de nosso país.
(Fonte de pesquisa, Google, Engenho Massangana)
Silva Neto, João Bezerra da - Escritor, Colunista, Abril 2016.
E-mail: joao.digicon@gmail.com