Memórias do Paredão!
(Margarida Lorena Zago)
A vida é feita de surpresas, que muitas vezes, nos põe a pensar....
Momentos, sabemos vencê-las, noutros, ficamos perplexos diante das situações, num redemoinho de percalços, indagando-nos, para onde devo seguir? Que norte a bússola da própria intuição, nos inspira a aportar?
Instaura-se em nosso interior um espaço, que é longe em distância física, mas perto para amenizar nossa aflição.
Tudo converge para a busca espiritual, que o comunga com o contexto elencado.
Transmutando-nos para lá percebemos:
A tarde sob um sol radiante, convida a olhar a vida com outras lentes.
Elevo os olhos e mais que de repente, vislumbro a paisagem que se projeta adiante.
E num estalar de dedos, o que mais me surpreende, é a natureza sorrindo majestosa e elegantemente, apresentando-se faceira a cada movimento.
No vale imenso que descortina a prosa, do arvoredo a abrigar os pássaros, que em busca de sementes e aconchego, pousam, vibrando acordes de sinfonias airosas, respaldando ao longe a alegria garbosa.
E nesta atmosfera, que tudo transforma num lindo contingente, espraia-se a emoção pulsante, dos humanos ao mesclar-se à hora.
De longe por entre a floresta densa, de forma nobre e de prata iluminada, insinua-se a Lua e o anoitecer acontece.
Não há como ficar ausente, de um cenário que conclama a admirar embevecido, tal natureza instaurada neste momento.
O pensamento silenciosamente, ao Arquiteto Maior emana a glória, da beleza física, espiritual e da geometria presente.
Além, do verde intenso escurecendo lento, de segundo a segundo o cenário transformando, da sua magnificência contagiante, embriagando a cada ser que o contemple, ouve-se ao longe o ronco e a dança dos bugios, mesclada a tantas sonoridades, difusas e dissonantes, permeando o contexto a tonalidades, ora imaginário, ora real, lindo, poético, sem igual.
E, extasiada no envolvente mundo, observo pasma e com olhar profundo:
Da grama às bananeiras,
Do limão às laranjeiras,
Das lagoas às cachoeiras,
Dos morros, encostas e vales,
Do vento à brisa mansa,
Dos tatus, tamanduás e lebres,
De tantos insetos unidos, vivendo harmoniosamente,
Relembro de um povo carente, de natureza e pé no chão.
De flores de todas as cores, brotando irreverentes, decorando o olhar descrente, de tanta beleza num só sertão.
Hoje batizado de Paredão!