(Uma crônica pretensiosamente transdisciplinar)
Naquele momento mágico, em que o mar era só meu, pensei sobre uma “máxima”, citada, várias vezes, pela querida amiga Maria de Mello, em processos coformativos de que participamos: “Menos é mais”!
Podem se acalmar, leitores!
Temos aqui uma crônica, ou “descrônica”, não um artigo, ou excertos de estudos teóricos, embora acredite na indissociabilidade de corpo, mente e espírito. Ao escrever uma simples crônica , trago à tona todos os aspectos de meu ser complexo...
Por isso, naquele instante, revivi a máxima “Menos é mais”!
Olhei para o mar grandioso... A praia encontrava-se, praticamente, vazia, para meu alívio!
Minha mãe cochilava em uma cadeira de praia e eu estabelecia, mentalmente, um diálogo com o oceano.
Nosso diálogo era silencioso e profundo. Eu lançava questões e ele me respondia, com ondas fortes ou fracas. Na conversa, desprovida de palavras, emergiu, novamente a expressão: “Menos é mais”! (Uma frase que tem me acompanhado constantemente!)
“De que preciso para viver, intensamente, esta vida”?
O mar nada me respondeu: “serenou” apenas; fez-se de morto, antes de atirar uma forte onda. A resposta se materializou. Nem sempre, precisamos de vocábulos ou expressões linguísticas, para estabelecer um processo de comunicação.
_ Sinta-se nesse todo! (ouvia o som da onda) – Você é mais do que um corpo. É única e múltipla!
(Diálogo profundo esse!) E as questões continuavam ecoando...
_Precisa de relógio nesse momento? Precisa de algo mais do que seus olhos, para contemplar o quebrar das ondas? Sente a respiração? ... a transpiração? ... a inspiração?
Meu Deus!
Em que região de meu cérebro “abafei” tantas perguntas, durante este ano que passou? E as águas instáveis me faziam pensar! Pouco importava! Naquele momento, o mar era só meu, ou eu era do mar?
Que diferença faz?
No instante em que Kairós imperava, vivi a relatividade das horas em um segundo. “Menos é mais”! Partículas e Universo!
Durante a escuta reflexiva daquelas ondas, um siri abriu, literalmente, uma fenda na areia (fenda quase imperceptível), mas para mim, verdadeira cratera. Meu foco passou a ser o bichinho, com os olhos arregalados e preocupados, somente com seu sustento e com a casinha que construiu! A cratera no tempo foi aberta: Kairós!
Menos é mais...
Menos é mais...
Menos...
é...
mais!
(...)
Eu...
O mar...
As ondas...
Publicado em 12/02/2014