Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Sou carioca da zona norte do Rio de janeiro, bairro da Tijuca.Casada, 44 anos, três filhos adolescentes.
Em 2011 criei na rede social Facebook a página Entrelinhas: Arte, Opinião &Poesia. Em 2014 lancei Ponto de Ressonância e em 2015, Mulato Velho.
Recebi o Troféu Cecília Meirelles em 2015 e o Título de Cidadão Seropedicense no mesmo ano por incentivos culturais para o município onde resido. Troféu Cecília Meireles (categoria escritora) foi escolha do jornal Folha popular - MG. Sou membro da Academia Luminescência Brasileira- Araraquara-SP.
Participei das três edições do Festival de Literatura e Artes Literárias em 2016 (FLAL) na rede social Facebook. Em 2017 faço parte da Equipe do evento na 4° Edição Arte e Estilo.
Em 2016 publiquei o romance biográfico “Coisas de Lorena” e o conto juvenil “Menina Tempestade” no Wattpad em coautoria. Tsara: Ir até o fim do mundo e depois voltar é o meu quarto livro, já publicado no Clube dos Autores.
Blogueira e resenhista. O Blog Café Literatura- onde leio, faço resenhas críticas e divulgo autores nacionais e internacionais - administro fanpages dos meus livros e estou escrevendo no momento uma série literária chamada “Nas Trilhas da Aventura”.
“Vivem de forma a nada deixar por fazer, portanto, a morte não vem com arrependimento por aquilo que não tiveram coragem de executar.
Eles acreditam em reencarnação e sabem que toda separação é temporária.”
Boa Leitura!
Escritora Michelle Paranhos, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos o que a motivou a ter gosto pela escrita literária?
Michelle Paranhos - Obrigada! É um prazer conceder essa entrevista.
O que me levou a ser leitora foi em primeiro lugar, o exemplo familiar. Eu observava desde cedo meus pais lendo, sempre. Além disso, eles sempre liam para mim e minha irmã mais nova, a tal ponto que quando eu entrei em fase de alfabetização, minha irmã – cinco anos mais nova que eu- foi alfabetizada ao mesmo tempo, sem esforço, porque acompanhava todo o processo.
Para me tornar escritora não demorou muito.
No antigo segundo grau, hoje ensino médio, eu possuía enorme facilidade com a literatura e na época meu professor de Literatura me emprestava livros extraclasses para eu os ler e definir qual gostava mais- e o livro era então passado para a turma inteira ler e fazer trabalho extraclasse... Deixa estar que, na época, eu me decidira por carreira biológica- cheguei mesmo a estudar medicina veterinária na UFRRJ até metade do curso- e ainda assim, eu já gostava de ler, o que na ocasião nada mais era que passatempo.
Como na época eu fizesse também o curso de formação de professores (antigo Normal) concomitante ao segundo grau- afinal ter uma profissão era importante e esse curso era oferecido em minha escola- eu estudava psicologia, filosofia e sociologia, o que creio me fez identificar com as causas sociais, e especialmente trabalhar profundamente os perfis psicológicos de personagens em meus Romances Dramáticos.
Como vocês podem perceber eu não imaginava nem tornar-me professora ou mesmo escritora, mas eu sempre fui aberta a novos conhecimentos... Tanto que acabei por passar num concurso público como professora de ensino fundamental, abandonei o curso de veterinária – queria ser pesquisadora e o desenvolvimento da pesquisa era e ainda é muito frustrante nesse país-e trabalhei e me aposentei na educação e hoje, quem diria, transformei meu hobby em profissão e sou escritora já com quatro livros publicados!
O que a inspirou a escrever “Tsara”?
Michelle Paranhos - Certo dia eu tive um sonho, e acordei bastante impressionada com ele!
A profusão de materiais diferentes em um ambiente riquissimo... Havia ainda um baú onde uma mulher retirava o mais lindo lenço que eu já vi, de um material desconhecido por mim. Reconheci elementos ciganos, mas até então eu nada sabia sobre clãs e não tinha real entendimento sobre este universo.
Enfim. Fiz um parágrafo de três linhas no Word e coloquei esse texto numa pasta em meu PC chamada “baú de quinquilharias literárias” onde armazeno de tudo, sem muita ordem, com o titulo Magia Cigana.
Tempos depois, surgiu a oportunidade de escrever um texto para a coletãnea Comemorativa do Flal, e escrevi um conto de apenas doze páginas com a história de Mariana e para tal, eu recorri ao parágrafo e renomeei com o título Tsara-que aprendi à custa de pesquisas ser o verbete, em romani (língua cigana) para lar.
O conto fez parte da coletânea A Caminho do Sol.
Mas, ainda durante a escrita do conto, percebi que não havia dito o essencial... Havia ainda muita históiria a ser contada... E comecei a escrever... E o tal conto então virou um prólogo; sofreu algumas alterações apenas para transformá-lo no novo formato de um romance e finalmente eis finalizado, agora com 346 páginas!
E para toná-lo ainda mais especial incluí o subtítulo “Ir até o fim do mundo e depois voltar”, que é um pensamento cigano e que traz a importante inquietação: Onde é o lar para um cigano? E porque partir se antes mesmo da partida já traz dentro de si o desejo de retornar? E essas perguntas eu espero ter respondido satisfatoriamente com a trama de Tsara.
Quais os principais desafios para escrita do enredo que compõe a obra?
Michelle Paranhos - Primeiro, o desfio enfrentado foi separar o que era cultura do povo Roma- que chamamos comummente de ciganos- e o que era levemente inspirado na cultura e deturpado em interesse próprio de alguns, especialmente em gente que faz “leituras de sorte” para conseguir dinheiro sem ter nenhum tipo de missão espiritual cigana.
Ora... Não basta comprar uma roupa e adereços ciganos em sites online, comprar um baralhocigano ou Tarô e... Voilà! Tem-se uma cigana! (risos).
Claro que isso está longe de ser a verdade.
Elas – as ciganas- possuem dons mediúnicos, como a clarividência, mas existe muito trabalho em prol de outros antes de poderem usufruir tais dons. São muitos anos de prática e a vida deles tem tanto alegrias quanto apreensões.
Além disso, o povo é muito reticente, desconfiado por viver séculos de injúrias e perserguições de todo o tipo. E Eu, como não cigana ou gadjin, tive dificuldade de romper as barreiras do preconceito. Mas, consegui contato com alguns; e muita coisa descobri através do site da Embaixada Cigana no Brasil, com pessoas que surpreendentemente se revelram de origem cigana- o que descobri ser mais comum que se pensa. Muitos se escondem no dia a dia para não sofrerem preconceitos e só revelam sua identidade entre os seus. Foi um ano e meio de muito trabalho, mas que valeu a pena. E o que não descobri, me vali de licença poética para trazer essa história que mescla fatos culturais, realidade e ficcção. `Tsara está no subgênero literário Realismo Fantástico, onde a magia é vista como algo natural e principalmente, possivel em nosso mundo.
O que mais a encanta na cultura cigana?
Michelle Paranhos - O espírito coletivo.
Os respeitos que eles têm às tradições, a vida em comunidade e, ao mesmo tempo, sabem olhar para o novo.
Numa sociedade individualista como a nossa, que o culto à propria imagem predomina- daí as loucuras que muitas pessoas especialmente mais jovens fazem para tirar uma “selfie”-, o desapego aos bens materiais, o cuidado com o corpo e com a alma, a sabedoria na simplicidade... Todo esse conhecimento milenar é muito interessante e ao mesmo tempo nos causa estranhamento... Aos poucos, porém, a alegria deles nos encanta. Claro que, como qualquer povo, eles têm contradições, indivíduos que fogem aos preceitos estabelecidos pensando em si mesmos apenas... Mas são as exceções que existem para confirmar a regra.
Como foi a escolha do título?
Michelle Paranhos - Como comentei acima, Tsara significa lar.
Após eu mesma me deparar com o meu próprio questionamento:
- Mas se os ciganos são considerados esponja cultural do mundo por estarem sempre se deslocando em cada canto deste planeta e absorvendo partes da cultura de cada região por onde passam, porque o local mais importante no mundo para eles é Tsara? Afinal, onde é o Lar para um cigano?- eu saí atrás de respostas.
E aliado a isso introduzi o pensamento ainda mais inquietante que o primeiro: “Ir até o fim do mundo e depois voltar”.
Esse pensamento fala da transmigração da alma- samsara- que executa o giro completo da vida: nascer, crescer, multiplicar, enfim, viver... E morrer. A morte faz parte do ciclo da vida e eles não a temem, ao contrário.
Vivem de forma a nada deixar por fazer, portanto, a morte não vem com arrependimento por aquilo que não tiveram coragem de executar.
Eles acreditam em reencarnação e sabem que toda separação é temporária.
Apresente-nos cinco motivos para ler “Tsara”
Michelle Paranhos -
1-É um romance diferente e que se passa no Brail atual, mas fazendo referência ao passado com fatos reais. Além disso, põe por terra tudo aquilo que acreditamos fazer parte desse povo e que, por serem nascidos em solo Brasileiros são cidadãos Brasileiros e merecem ser respeitados e reconhecidos como tal.
2- Vasta pesquisa que desmistifica e abre nossa visão para o diferente, provocando reflexão.
3-É Uma história de amor sobre si mesmo, seu povo, sua cultura em variadas manifestações desse sentimento, que ultrapassa o limite do simples amor romântico.
4- Discute valores há muito esquecidos como bem comum, família, tradições conhecidas e desconhecidas.
5- Um livro que fala do místico através da cultura e magia presente na história de um povo.
O lançamento online de “Tsara” será no dia 09 de junho através do FLAL – Festival de Literatura e Artes Literárias, como podemos participar do lançamento.
Michelle Paranhos - Só acessar ao link às 14h50min h. Durante o evento será também meu bate-papo.
https://www.facebook.com/events/1998757480353893/
Onde podemos comprar o seu livro?
Michelle Paranhos - No clube dos Autores no link:
https://www.clubedeautores.com.br/book/233942--Tsara#.WSdDtvk97cc
E comigo através de inbox no facebook, ou por e-mail michellelouiseparanhos@gmail.com
Quem comprar pelo site é só entrar em contato que enviarei marcador.
Quais os seus principais objetivos como escritora?
Michelle Paranhos - Transmitir uma ideia, fazer refletir,entreter e alegrar as pessoas com as minhas histórias.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor “Tsara” da escritora Michelle Paranhos. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Michelle Paranhos - Um escritor não nasce pronto. Cada trabalho do autor revela também seu amadurecimento pessoal e profissional. Para ser um escritor profissionalo o aprendizado deve ser continuo, mas nem por isso precisa gastar dinheiro... Existe muito conhecimento na própria rede (WEB), e, além disso, uma leitura critica de principais gêneros literários ensina ao escritor pela prática.
Antes de desenvolver um estilo próprio é necessário olhar para aquilo que já foi feito e perceber onde se sente confortável para escrever e, depois de descobrir sua zona de conforto, libere-se, contradiga, explore sua criatividade! Mas, antes do improviso, as regras são essenciais... E a principal delas é antes de qualquer coisa: leia! Sempre!
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