Minha Terra! Perdigão!
Dirijo a ti o meu olhar, a mando do meu coração
E lembro de tudo que em ti vivi no tempo de outrora:
Teus campos verdes, ruas molhadas, na vida que aflora,
Teus bosques, pastos, uma ponte, um ribeirão.
Com os amigos, jatobá, pequi, nas matas, eu ia procurar.
Aos domingos, uma bandinha me acordava com “alvorada”.
Às dez horas, ia à missa na Igreja da Saúde, roupa bem cuidada,
À tarde, no campo próximo à Vila, ver o América jogar.
Cidade quieta, silente durante toda a semana,
No domingo as ruas eram cheias de gente dos povoados.
Boas conversas, bons negócios, bons tratados,
A tarde a volta, retorno à vida quotidiana!
Noite na praça, fonte luminosa, moças circulando,
Rapazes, parados, tímidos, no passeio, a desejar
Que uma delas nos olhasse e quisesse namorar.
Quem sabe segurar a mão, ali ficávamos sonhando!
Te olhando, vejo quão diferente estás agora.
Mas és o mesmo chão, o mesmo céu, a mesma terra.
Quanto sentimento por ti meu coração encerra.
Guardaste a alma pura e bela do povo de outrora.
Dirijo a ti o meu olhar, a mando do meu coração,
Como quem se foi, em muitos lugares viveu.
Mas, mesmo sempre tentando, nunca te esqueceu,
Oh minha terra natal, rincão querido: Perdigão!