Moendo Café - por Ione Kadlec

 

Imagem: "lavrador de café" de Portinari 

 

 

Moendo Café

 

Sobem grãos. Descem.

Grãos abençoados a pulular com o açoite do pilão

Nas zonas rurais, frutos caem no chão.  

A música toca. O povo dança

A água ferve.

O sol arde, reluzindo esperanças.

Na varanda, o café já foi torrado.

Os vestidos se enroscam

Os sorrisos frouxos se soltam

Panela rasa, fogo baixo.

Juras de amor trocadas

Vento sussurrando nas janelas abertas

Cintura fina apertada entre os braços de alguém

O cheiro do café se ergue como um Deus

E a noite vai engolindo o dia

Saudosos dos beijos de alguém.

 

 

 

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