Mortificação
Diante dos olhos, a mesa posta.
Ao seu redor, a filharada
de olhos esbugalhados
e barriga roncando.
A mulher, de “bucho quebrado”,
sorriso forçado
e olhar tristonho.
A casa úmida,
de paredes rachadas
e queimando, num canto,
o fogo de gravetos.
Panela com água barrenta
cozinhando alguns caroços de feijão,
colhidos à força,
com gosto de suor e sangue.
Uma colherada pra um... Pra outro...
A luz do luar pra iluminar
a escuridão da vida.
Fé em Deus!
E vão vivendo.
Brasileiro, nordestino... Gente!
Que de promessa e fé
devagar
desiludido
vai morrendo.
Do outro lado da vida
alguns poucos dormem.
Inconscientes e felizes.
Estão fartos. O seu lixo, também.
Página de nossa colunista Ligia Beltrão
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