Mulher na cama, marido na cozinha - por Carmen Larroza

Vamos conversar? Estou com saudade dos nossos encontros virtuais, onde conversamos, rimos bastante e, as vezes, até choramos. Bem, diga-se de passagem e que ninguém nos ouça, que  um bichinho chorão é a mulher! Hoje, porém, penso que só riremos. Vamos falar sobre tarefas desempenhadas no lar, por nossos amados.
                                
                                        Mulher na cama,  marido  na cozinha

       Nossos maridos são umas bênçãos. Tanto é que casamos com eles! Se não o fossem, teríamos fugido deles mesmo no altar. Ou, ainda, teríamos contrato alguém que impedisse o "Sim", aos gritos, na hora do "Se alguém souber de algum impedimento...".  Também demos graça por eles não terem se transformado em um sapão cascudo e verruguento e, nem nós em uma perereca gelada a pular sobre tudo. Imaginemos a cena: ele dormindo quando ela zás no seu rosto ou lábios querendo beijos. Pobre homem, não poderia dizer não, caso contrário, ganharia um belo xixi fedido. Infelizmente, existem mulheres cujos maridos transformaram-se em plena noite de núpcias! Coitadas.
O amado em casa, de folga, ou de férias, todo amoroso, cheio de carinhos, beijinhos. Nós emocionadas e românticas que somos, nos derretemos feito sorvete. Queremos agradá-lo. A que, geralmente, recorremos? Fazer o seu prato preferido que costuma ser bem elaborado e dar mais trabalho. Conclusão: horas de pé na cozinha. Depois decimos fazer uma sobremesa, cuja receita uma vizinha ou uma amiga nos deu. Isso significa inexperiência, que, por sua vez, se traduz mais tempo em pé, canseira. Mas, como dizem que homem se prende pelo estômago... Eu, particularmente, discordo, mas...
 Hora de sentar à mesa, também caprichada. Vemos a emoção e a gratidão nos seus olhos: "Obrigado, querida! Ai se nos acrescenta mais um adjetivo: Ficamos dengosas.
 Realmente, tudo muito saboroso! E lá se foi nossa dieta para o ralo... Ralo? Não! Para um estômago feliz com "comida de gente", bem calórica.
 Pós refeição, sentimos a consequência do esforço.  Estamos sonolentas, cheias de dengues. Loucas por um cochilo... mas e a arrumação da cozinha? Estamos indispostas. Afinal, depois da correria da manhã... Ninguém é de ferro, né? Ainda mais nós, o sexo frágil... kkk!  Como mulher sente dor na coluna, queimor nos ombros, após um tempo movimentando os braços! Tudo por causa deste bendito balcão de pia!Também, estamos sempre na frente dele! Ah, essa mania que mulher tem de estar secando a pia! Pobre da Dona Coluna!
      Bem...voltemos ao assunto. Nossos maridos percebem tudo o que estamos sentindo. Claro, não somos só nós que conhecemos nosso cônjuge!!! Cercam-nos com  aqueles braços queridos e muito solícitos, com ares de extrema compaixão ou de companheirismo, prontificam-se para arrumar a cozinha.
- Deixa que eu faço isso para ti. Vai descansar, dormir um pouco. Meio receosas concordamos. Verdade, o cansaço está vencendo o jogo com um placar bem elático!
 Vamos para a nossa querida caminha, enquanto ele, e por vezes os filhos juntos, (incrível como um homem ajuda o outro!), numa barulheira danada, lavam a louça, batem os pratos,  deixam talheres cair, arrastam cadeiras ....
E nós muito gratas, pensamos: - Coitado! Que marido gentil. Obrigada, meu Deus.
Tiramos a nossa soneca. Passou a dor, o cansaço se foi pro espaço... Levantamos faceiras. Chegamos na cozinha e... Hem!!??
A arrumação dele ou deles está feita! Isto é, só a louça foi lavada! Que surpresa cruel! O fogão, as panelas nos aguardam saudosos dizendo:
- Ei, até que enfim, lembrou de nós? Ainda temos que passar por isso. Não é demais para uma pobre mortal que deitou pensando que "brasileiro é tão bonzinho". - Que bom! Estamos esperando a nossa higienização, para , também descarmos em nossos armários!
Que coisa desagradável  limpar fogão e lavar panelas! Constatamos, tristemente, que do pior não escapamos. Ah! As benditas panelas... Graças a Deus por elas, mas que são chatas, isso elas são! E lá vamos nós... Acabou a folga.
Amanhã é outro dia... mais fogão, mais panelas e, ainda, mais louças e talheres.
Ufa! Tudo de novo?! Os braços caem ao longo do corpo, mediante a constatação da rotina. Uma velha música nos vem à mente: "Eu acho que a rotina do dia-a-dia...".
Reclamamos, nos decepcionamos, mas graças a Deus por vivermos tais situações, enquanto muitas, além de não terem panelas, estão de olho roxo por causa de um soco do bruta montes, que a mantém presa a suas garras, por dependência financeira, por ameaça e enchendo-lhes de filhos, para ainda mais, manter o domínio nojento.
A rotina é desagradável, mas somos amadas, somos livres. "Livres de abraços abertos"! Para passear, comprar, estudar. Estudar sim! Sempre é tempo para buscamos uma faculdade, um curso técnico, abrir o leque a nossa disposição... A idade não é o nosso limite. Nosso limite  somos nós mesmas.

 

publicado em 07/04/2014

 

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