Não crônica, com pretensão de ser mensagem - por Mirian M. de Oliveira

Não crônica, com pretensão de ser mensagem - por Mirian M. de Oliveira

NÃO CRÔNICA, COM PRETENSÃO DE SER MENSAGEM

 
Duas frases apenas e a essência daquele momento se consubstanciou:
_ Está pesada? Quer ajuda?
(Não! Eu não poderia acreditar!)
Estamos tão acostumados a carregar, individualmente,¨malas interiores e exteriores”, que um ato de gentileza remete-nos a grandes reflexões. Acreditem... Como qualquer ser humano,  fui e sou vítima de julgamentos equivocados, mas acredito que isso deva ser normal, em um mundo em que as pessoas parecem buscar, constantemente, seus próprios parâmetros e pinçar os defeitos alheios. Qual será a medida certa? Haverá tal medida?
Não fosse o mundo povoado por notícias ruins, talvez o gesto não causasse surpresa, mas causou e me fez navegar num mar de deslumbramentos. Quatro palavras, recheadas de suavidade, sintetizaram poemas imensos. Quatro palavras, recheadas de doçura, fizeram-me mudar o rumo dos pensamentos.
O entardecer ocorre todos os dias e nos oferece espetáculos gratuitos; pessoas amam e plantam flores; poemas nascem, como estrelas no universo, mães amamentam seus filhos; seres humanos amam, sem nada esperar em troca e, mesmo assim, nossos olhos se voltam para as tragédias e para hipóteses negativas. Realizamos constantes julgamentos sobre as situações vividas e enxergamos como cegos que apalpam partes de um elefante (Conhecem este conto de tradição oral? Se houve interesse, vão para o Google!).  No conto, os personagens realizam leituras parciais e detalhadas do corpo do animal.
_ Muito obrigada, viu?!
(Eu não sabia o que dizer!)
Na verdade, gostaria de dizer, àquele rapaz, que sua gentileza era uma pequena amostra de que o mundo é bem melhor do que parece.
Oferecer-se para carregar a ¨mala”, naquele momento, era a eternidade contida em um minuto: talvez, um planeta explodindo...
Duas frases, proferidas em um átimo, interromperam um ciclo infindo de pensamentos.
O efêmero suplantou o que parecia eterno, eternizando outro pensamento mais atraente: ¨Viver é sugar a beleza de cada segundo, preparando os sentidos para o que há de essencial!¨
Tomada por essa aura tão envolvente, restou-me formular uma verdade (se é que isso é possível): ¨Se o sofrimento é inevitável, que seja para preparar nossos sentidos para a vida: a verdadeira.¨
Queira Deus que, um dia, cada um de nós seja capaz de filtrar julgamentos, olhando para o próximo, com olhos de amor “ágape”!
Nesse dia, manchetes de jornal estamparão:
¨João da Silva, coração de menino, essência de flor... plantou um jardim, repleto de amor”!
Seria uma boa manchete?
 

 

 

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