Natal de contrastes
Qual Rei do mundo, Deus, filho de Deus,
Jesus desceu um dia lá dos céus.
Num frágil bebézinho ele encarnou
E então em ser humano se tornou.
Em uma estrebaria Ele nasceu
E tendo vindo para o que era seu,
Aqui na terra poucos o amaram
E ainda menos, honras lhe prestaram…
Por berço a manjedoura ele tomou
E alguém um jumentinho lhe emprestou.
Dormia em casa dos amigos seus
E ninguém via n’Ele o próprio Deus.
A paz e o amor Ele pregava
E a fazer o bem os ensinava
Mas os que não gostavam de o ouvir
Logo cuidaram de o impedir.
E para a humanidade Ele salvar
Da morte não se pode libertar
E essa cruz na qual nos trouxe a paz
Não era sua, mas de Barrabás!
Agora que dois mil anos passaram
Os seres humanos ainda não mudaram…
E eis de novo chega outro Natal
Com tudo parecendo surreal:
Brilham as luzes, ruas enfeitadas,
Lojas e lojas de gente apinhadas
Para seguir somente a tradição
De dar prendinhas sem qualquer razão…
Nas casas ricas há grandes manjares;
Se com mais atenção tu reparares,
Verás que nesta quadra de Natal
Muitas famílias há passando mal…
Alguns já nem terão pão p’ra comer
E outros sem ter casa p’ra viver…
E a multidão prossegue indiferente:
- Eu e só eu, os outros não são gente!
E tu Jesus onde estás, afinal?
Qual é o teu lugar neste Natal?
‘Starás ainda em Belém, na estrebaria
Rodeado de José e de Maria
Com o tal boi e vaca a te aquecer
Pastores e magos prendas te trazer?
Ou segues p’las estradas poeirentas
Da vida, encharcadas, lamacentas
Nas quais abunda a fome e muita dor
Mas onde podes dar o teu amor,
E uma palavra de consolo e paz
Que à alma aflita a alegria traz?
- Para que possas ir, irei também,
Unidos chegaremos mais além.
Meus pés levar-nos-ão aos aflitos,
Os meus ouvidos ouvirão seus gritos,
As minhas mãos lhes levarão calor
E a minha boca palavras de amor…
Deixa o presépio e vem, ó meu Jesus,
Trazer-nos tua paz e a tua luz,
Para que cada um seja um irmão
Nasce, Senhor, em cada coração!