Náufrago
A minha casa é a ilha onde aporto em tempestades:
Tem paredes, árvores, destroços, um náufrago;
rosas brancas, trepadeiras, um pardal;
o azul do céu.
As árvores ensombram os silêncios que o pardal quebra
na liquidez dos vazios.
Dos cânticos das sereias crivo estados febris
e chamo as rosas a fortalecer ausências
escondidas no breu dos dias vis.
Rodeia-me o mar.
O desânimo é meu.
E se alguém me disser que a minha casa não é uma ilha,
é porque não conhece a água que veste os meus dias.
Caídos os braços,
o náufrago
sou eu.
Da Raiz (transparências)