Noite africana
Quente,
quente
a noite deixa cair a máscara
e cobre as copas das árvores
onde as aves depositam o seu dia.
Depois,
insinua-se ao vento tropical
absorve o som dos tambores
expande a morna
a coladera
o Funaná.
E dança.
Mil cores
mil imagens se contorcendo ao ritmo africano.
Néons de ouro esbatem-se na tez brilhante
e bela
das mulatas.
A noite estendendo as garras
enclausura a claridade mas não apaga
os pirilampos
nem o sonho
dos poetas.
As palavras continuam a sua órbita
no cruzar das línguas.
Conceição Oliveira,
Antologia nº 20, Logos, Fénix, 2016