Por Mário de Méroe
A origem da palavra Méroe perdeu-se no tempo; somente é possível reconstituí-la, aproximadamente, através de fragmentos colhidos de obras clássicas e inscrições em monumentos existentes em sua antiga localização, hoje objeto de pesquisas arqueológicas.
Heródoto, chamado o “pai da História”, foi o primeiro escritor antigo a mencionar a cidade (ou reino) de Méroe por esse nome , na famosa descrição de viagens pelo mundo de sua época, que se tornou conhecida por volta de 430 a.C.
Na inscrição de Amannateieriko, encontrada no templo de Kawa, provavelmente do final do século V a.C., o nome Méroe foi gravado como B.rw.t (Barwat, Barua, ?).
As fontes consultadas indicam tratar-se de uma versão grega do nome egípcio originário, impronunciável para os historiadores da época, quase todos de origem ou formação helênica. Afigura-se que estes escritores adaptaram o nome egípcio ao idioma utilizado em suas narrativas, talvez para emprestar-lhe praticidade na escrita.
A palavra Méroe encontra-se relacionada com a figura de Hephaístos (Hefestos), deus do fogo e protetor dos que trabalhavam com os metais, na mitologia grega. Para os romanos, havia um deus similar, Vulcanus, que habitava o vulcão Etna.
A figura mitológica foi associada aos numerosos fornos, alimentados por acácias, abundantes na região, em face da intensa atividade metalúrgica. No reino de Méroe, o uso de metais para o fabrico das armas de guerra proporcionou o desenvolvimento de técnicas metalúrgicas, que se irradiaram para todo o continente africano.
Anotamos o registro desse verbete na Encyclopedia e Diccionário Internacional W.M. Jackson, Inc, vol. XII, pág. 7288:
“Méroe – Forma grega do nome egípcio BARUA, que tinha uma das cidades principais da Etiópia, hoje MERAWI ou BEGERAWIEH. A princípio, capital do pequeno reino de Aloa (Alwa, em árabe, nota do autor), veio a ser, a partir do século VI, a residência favorita dos faraós egípcios. Subsistem, junto a povoação de Begerawieh, restos consideráveis da necrópole real. A cidade deu o seu nome à imensa extensão de terreno compreendida entre o Nilo e o Atbara, a Ilha de Méroe dos geógrafos gregos e latinos. Desapareceu da História pelo fim do século II”.
De outra fonte[1], colhemos:
“Josefo atestigua que Saba era una antigua metrópolis del reino de Meroe, en la feraz región entre el Nilo y Astaboras (o Bahr-el-aswad); esta región recibió finalmente el nombre de Meroe por una hermana de Cambises rey de Persia, aunque Meroe parece más bien una palabra derivada del etiópico. Las ruinas de la antigua Meroe se encuentran a 6 kilómetros al nordeste de Shendy, en Núbia”.
A antiga cidade imperial de Méroe, localizada entre a 5ª e a 6ª cataratas do rio Nilo, nas proximidades de Begrawiya, cerca de 120 km de Khartum, capital do atual Sudão, hoje é província arqueológica.
Conta a tradição das Casas de Méroe e de Silvestre, que após o casamento de Giácomo Antonio Silvestre com a princesa horiônida Anna-Sophia, da Casa Real de Méroe, a família adotou o nome composto Silvestre de Méroe, simplificando-o, posteriormente, para Silvestre, ao integrar-se às tradições italianas. Na grafia, foi conservada a terminação em "e" do nome SILVESTRE, para diferenciá-lo do “Silvestri” italiano, indicador de outras famílias, com tradições próprias.
No Brasil, entretanto, essa simplificação trouxe alguns inconvenientes, pela existência de muitos homônimos, não-consanguineos. A intensa imigração ocorrida logo após a proclamação da república, propiciou ao país a vinda e a instalação de inúmeras famílias, originárias de troncos ingleses, alemães, holandeses, portugueses, italianos e espanhóis, muitos dos quais exibem o nome Silvestre. Os ramos pertencentes a Família Silvestre aqui retratada são apenas os que constam dos respectivos esquemas genealógicos, registrados neste trabalho. (esta nota refere-se ao texto da obra original),
Para elidir a homonímia existente, a família obteve, em 1994, provimento judicial para agregar, ao seu nome civil, o agnome “de Méroe”, diferencial este então adotado em razão do histórico de família.
A retificação dos registros oficiais para alteração do nome de família produz efeitos de ordem civil, não implicando em reconhecimento, pelo Poder Público, da qualidade nobiliárquica do requerente.
De outra parte, a adição do agnome territorial ao nome de família, não alterou a substância do título ducal, que conserva, integralmente, suas características de título nativo, integrante de uma milenar Chefia Dinástica.
Hephaístos
(ou Hefestos)
Estátua de bronze, do museu do britânico (*)
Na mitologia grega, deus do fogo, patrono dos que trabalhavam com os metais. Para os romanos, era Vulcanus, que habitava o vulcão Etna. No ideário meroíta, foi associado à intensa atividade metalúrgica desenvolvida no reino. Essa alusão a Hephaístos pode ter dado origem ao nome B.rw.t, impronunciável, transformado em Méroe pelos escritores gregos da Antigüidade.
(*) foto da Encyclopédia e Diccionário Internacional W.M.Jackson, vol. IX, pág.5503.
[1] Custance, Arthur C., El Origen De las Naciones, Estudio de los Nombres en Génesis 10, Ottawa, 1968 / Rev. 1975, traducción del inglés: Santiago Escuain, disponível em: https://www.sedin.org/doorway/05-origen-naciones.html