O ABUSO SEXUAL EM ADOLESCENTES: voyeurismo, sedução, estupro e exploração sexual - por Fabiana Juvêncio

O ABUSO SEXUAL EM ADOLESCENTES: voyeurismo, sedução, estupro e exploração sexual - por Fabiana Juvêncio

O ABUSO SEXUAL EM ADOLESCENTES: voyeurismo, sedução, estupro e exploração sexual.

 

O conceito de “abuso”, cuja ampliação de sentido passa a ser mais reconhecida a partir dos anos 90, encontra em autores como Silver e Glicken (1990) uma definição de maior alcance, referindo-se a “atos ou palavras negativas, desnecessário e evitáveis, infligidos por uma pessoa a outra ou outras”.

            Costa (2003) compara, então, o sentido literal de abuso e de maus-tratos, para observar que o termo abuso inclui “prevalecer-se de, aproveitar-se, praticar excessos que causam ou podem causar dano”, assim como o uso de palavras para desqualificar, ridicularizar, fazer zombarias, injúrias, insultos, “usar mal ou inconvenientemente de qualquer situação de superioridade de que se desfruta”e exceder-se em limites que ultrapassam o respeito pelo outro.

            Segundo o mesmo autor, a violência Sexual contra adolescentes é definida como “todo ato ou jogo sexual, relação heterossexual ou homossexual entre um ou mais adultos e um ou mais adolescentes, tendo por finalidade estimular sexualmente este adolescente ou utilizá-lo para obter estimulação sexual própria ou de outra pessoa”.

            A violência sexual contra crianças e adolescentes é um fenômeno complexo e de difícil enfrentamento, inserido num contexto histórico-social de violência endêmica e com profundas raízes culturais. Foi apenas na década de 90, com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, que esses passaram no Brasil a ser juridicamente considerados sujeitos de direitos, e não menores incapazes, objetos de tutela, de obediência e de submissão (SÃO PAULO, 2006).

            O abuso sexual corresponde ao ato imposto à menina por um adulto, que explora seu poder sobre ela, sob a forma de toques, assédio, voyuerismo sedução, estupro e exploração sexual. Neste tipo de abuso, deve ser considerada principalmente a atividade sexual imposta à menina por não estar sintonizada com o seu nível de desenvolvimento, e para a qual é incapaz de dar o seu consentimento (FARINATTI; BIAZUS; LEITE, 1993, FURNNIS, 1993).

            Vale a pena refletir sobre alguns mitos que acompanha a problemática da violência sexual. O primeiro deles, e talvez o mais difundido entre o senso comum, é o de que a violência sexual contra adolescentes é um fenômeno raro e restrito às camadas mais desprestigiadas da população. Ao pensar desta forma muitas pessoas se enganam; as estatísticas mostram que a incidência de violência sexual tem aumentado bastante e sua ocorrência não esta à população mais pobre, mas talvez estas pessoas denunciem mais o fato aos órgãos competentes (AZEVEDO; GUERRA, 1989).

            Os abusos terão maior ou menor efeito sobre a pessoa de acordo com a forma como forem interpretados, pois no processo de interação não conta apenas o evento real, ou fato em si, mas a maneira como foi compreendido ou recebido.  O abuso é dimensionado na relação de quem o faz e quem o recebe (AZEVEDO; GUERRA, 1989).

            Entretanto, mesmo nessa perspectiva, não se pode minimizar a importância de ações abusivas, considerando-as como casos ou eventos isolados ou como exagero de percepção de estudantes ressentidos, despreparados, excessivamente sensíveis, ou emocionalmente imaturos. “A noção de trauma cumulativo enfatiza a toxicidade do ambiente de ensino que falha em reconhecer o abuso de estudantes ou considera-los inconseqüente” (COSTA, 2003). 

 

 

 

 

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