O Acampamento
( Lorena Zago)
Sexta feira...
O sol prometia resplandecer sábado, domingo e segunda feira, com seus raios luminosos, emitindo alegria e esperança ao Universo!
Marcos, um menino de sete anos, filho de dona Mercedes e do senhor Lauro, pôs-se a cantar, pular de felicidade, tentando disfarçar a ansiedade.
Olhava para relógio grande, pendurado na parede, da casa de seus pais, a cada instante, para contar as horas que faltavam para a manhã de sábado.
--- Este será um grande dia!!! ---Falou Marcos aos seus pais.
--- Um dia muito especial, pois vovô José e eu iremos acampar no meio da mata, em seu sítio.
--- Estaremos de pé antes das seis horas --- Fala Marcos --- Vovô José deseja mostrar-me o nascer do sol e as maravilhas naturais do sertão, ao amanhecer.
--- Estou ansioso para conhecer os bichos e a vida na floresta --- Deve ser muito lindo, pois vovô sempre fala que o amanhecer é um espetáculo que o Universo oferece a todos os seres que souberem aproveitar as primeiras horas de um dia.
--- Preciso levantar cedo, mamãe. ---Diz Marcos à dona Mercedes.
--- Deveremos descansar mais cedo esta noite. --- fala a sua mamãe.
E assim a família de Marcos recolhe-se para o descaso noturno.
Nem bem são cinco horas e Marcos já está de pé.
Sua mochila está repleta.
Organizou roupas adequadas para acampar no mato, calçados ideais para longas caminhadas, bonés para proteger-se do sol, óculos escuros, repelentes e alguns produtos básicos para curativos, caso viesse a machucar-se.
Dentro de um isopor levava alimentos necessários, para passar um ou dois dias acampado.
Lembrou de levar também a sua barraca, pois desejava dormir no sertão pelo menos uma noite.
A festa estava estampada em seu ser, em seu sorriso e em suas manifestações de júbilo.
Nada o continha em casa. Desejava o mais rápido possível chagar à casa do seu avô José. Antes do sol nascer.
A família dirigiu-se a casa do senhor José, na Serra da Papanduva.
Chagando lá, vovô já estava na cozinha preparando o café matinal, tomando o seu chimarrão, ouvindo músicas sertanejas no rádio e assoviando feliz, enquanto recebia seu neto Marcos, grande companheiro de horas e dias prazerosos.
--- Bom dia vovô!!! --- Bradou Marcos ao avistar seu avô.--- Chegamos!!!
--- Já percebi --- Falou sorrindo o vovô--- Bom dia Marcos, Lauro e Mercedes!!! --- Retornou vovô José. --- Sejam bem-vindos! ---Bradou vovô.
--- Entrem e venham tomar um café comigo. ---Convidou vovô.
Logo após tomarem café, Marcos convidou seu papai Lauro e seu avô, juntos os três, tomaram cada qual seus aparatos e, despedindo-se de dona Mercedes e vovó Noemi, rumaram à estrada que levava ao sertão. O caminho era íngreme, alguns trechos de difícil acesso, mas a cada desafio superado, Marcos ficava mais encorajado e entusiasmado a buscar o seu tão sonhado espaço no meio do mato.
Durante a caminhada encontraram carneiros, bois, porcos, cavalos, galinhas angolistas e outras espécies. Passaram também por uma imensa lagoa de peixes.
O menino indagava seguidamente ao seu avô sobre um local ideal para armarem a barraca. Após subirem alguns quilômetros de chão escorregadio e tortuoso, encontraram um clarão especial para descansar e armar a barraca.
Quando estava tudo pronto, o pai de Marcos saiu a providenciar água colhida de uma fonte natural, que vertia generosamente o líquido tão necessário ao bom funcionamento do organismo humano e de qualquer espécie, bem como ao planeta terra.
Vovô José, aventurou-se à procura de frutas, que sabia em abundância naquela região.
Marcos ficou na barraca, vestiu sua roupa camuflada e em seguida arrumou os pertences para um descanso após o almoço, se é que teria almoço, num lugar tão distante e tomado de mata densa. Mas não perdia a esperança de que o dia seria maravilhoso. Aproveitaria cada segundo daquele passeio incomum. Inalava com profunda inspiração o oxigênio exalado pela natureza. Pensava com sua tenra idade,
--- Mas isto aqui é fantástico! Sentia seu corpo e todo o organismo vibrar em outra freqüência.
---Que delícia morar em meio ao sertão!--- Falava Marcos aos inúmeros passarinhos que sobrevoavam o matagal. --- É fascinante! --- Caramba, vovô José onde está você? --- Volte logo, estou com fome.---Chamava Marcos.
---Papai, você já encontrou a água?---Reclamava o menino.--- Estou com sede. --- Venha logo!
Enquanto o senhor Lauro e o senhor José não apareciam, Marcos decidiu caminhar um pouco e encontrou um animal selvagem a correr pelo mato.
---Que susto!---Exclamou o menino, haveria de perguntar ao vovô que bicho era aquele.
---Olha as frutas, olhem as frutas --- anunciou vovô.
Voltara com a camisa cheia de bergamotas e laranjas, lindas e com aparência de serem muito gostosas.
Oh, haviam esquecido de trazer talheres! E agora, como descascar as laranjas?
Seu Lauro também estava voltando com dois cantis cheinhos de água fresquinha, uma delícia!
Tomaram a água e serviram-se das bergamotas. E as laranjas?
Por sorte, papai Lauro havia levado um canivete. Assim puderam chupar também, as saborosas laranjas açúcar. Hum! Deliciosas demais!
Vários animais silvestres passavam correndo, assustados com a visita.
Não estavam acostumados com pessoas acampadas em seu habitat.
Enquanto vovô e Marcos fariam a visita mato a dentro para conhecerem as espécies que a natureza apresentava com toda pompa, papai Lauro prontificou-se para cuidar do almoço.
Marcos teve uma preocupação com relação ao almoço. Se não tinha talheres, como fariam para mexer a comida e almoçar?
Ocorreu então ao senhor Lauro, que havia avistado bambus, poderia esculpir colheres, garfos e facas, com o seu canivete.
---Fantástico papai, você é fera!---Exclamou Marcos.--- Você está sempre preparado, para qualquer emergência, não é não?
Satisfeito e muito feliz, Marcos e vovô dirigiram-se à mata densa em busca de conhecimento, uma verdadeira pesquisa.
Analisaram os arbustos, as árvores, as espécies diferentes, observaram os tipos de folhas, a grossura dos caules, troncos, a copa de cada espécie e vovô foi mencionando o nome de cada árvore e para que servia. Falou a seu neto sobre as leis que protegem as áreas verdes, que existe um órgão denominado IBAMA, ( Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) que fiscaliza as matas e processa as pessoas que não obedecem às ordens instituídas nas leis.
Caminhando e dialogando, vovô e Marcos encontraram também vários animais silvestres. Muito assustado, mas eufórico, o menino questionava a cada espécie encontrada. Observaram tatus, tamanduás, lebres, quatis, cutias e vários outros animais. Registraram inúmeras fotografias de tudo que encontravam e era novo e importante para o menino.
Inclusive o passaredo.
---Que lindo estes passarinhos!--- Fale-me sobre cada espécie vovô---pediu Marcos.
O senhor José convidou o neto a sentar-se e desfilou o nome de inúmeros pássaros, dentre os quais: Tucanos, Periquitos, Andorinhas, Rolinhas, Sabiás, Bico de Pimenta, Jacu e uma infinidade de outros.
O menino estava assombrado com tanta beleza e riqueza natural.
Registrou tudo o que fora possível, para socializar com seus amigos na escola.
---Fantástico, vovô José!---Vibrou Marcos--- Lindo demais!!!
Ao voltarem para perto da barraca avistaram senhor Lauro a fazer o almoço.
---Papai, como você conseguiu fazer fogo e pendurar a panela de alças?
---Ah, meu filho, encontrei uma foice debaixo de uma grande pedra, cortei uma pequena árvore para fazer as forquilhas, também algumas pedras para dispor em círculos e com gravetos e um isqueiro acendi o fogo.O almoço estava quase pronto.
--- E o que você está a fazer para almoçarmos, papai?
---Bem só trouxemos farinha e uma lingüiça. Farei um pirão, assaremos a lingüiça e o almoço para hoje estará pronto. ---falou o senhor Lauro.
Para quem voltara de um longo e demorado passeio, esse almoço era o máximo!
Almoçaram colocando o pirão e a lingüiça em folhas de bananeira e serviram-se com os talheres que senhor Lauro havia feito com bambu.
---Perfeito papai! Está uma delícia este almoço e muito show são os talheres que você esculpiu. --- Falou todo garboso o menino.
Após almoçarem, o trio descansou na barraca.
Marcos estava realizado com as façanhas do dia.
A tarde pesquisaram outra área do mato, encontraram mais e mais novidades. Ao anoitecer, tomaram um banho na cachoeirinha que se situava alguns metros da barraca. Assim que anoiteceu, recolheram-se para descansar. Era linda a sinfonia que se ouvia. Sapos, grilos, e tantas outras espécies manifestando-se. O clarão do luar deixava o cenário encantador. Lindo demais!
Os três entregaram-se extasiados, compartilhando as maravilhas sentidas e visualizadas.
Num sono só, acordaram no dia seguinte.
O sol apontava seus raios iluminados e decorava o olhar de quem observava as belezas do sertão!
Emocionante! Fantástico!
Um espetáculo sem igual!
Após caminharem mais um pouco para reconhecer outras espécies da natureza, colheram frutas e flores exóticas, que levariam para vovó Noemi e para a mamãe. Recolheram seus pertences, rumando aos poucos para casa.
Este dia ficou registrado como um “Grande momento de conhecimentos e alegria” na vida do trio: Vovô José, Marcos e papai Lauro!
Inesquecível!
Marcos teve assunto para socializar com seus colegas, por muitos e muitos meses...
A vida e as belezas do sertão são de importância ímpar e qualidade inquestionável!!!