O CONTADOR
Falo aqui de um bom sujeito
Que estará sempre em meu peito,
Companheiro, amigo e irmão.
Ele nasceu lá no Batista
E era mesmo um artista,
Tocava sanfona e violão.
De cantar ele gostava,
Mas antes de tudo estava
A família e o trabalho.
Seja à capina, ao roçado,
Ele ia cedo bem animado
E não procurava atalho.
Gostava de contar história.
Quer saber? A sua glória
Era seus filhos por perto.
Vou ter que contar aqui
Uma história que me fez rir
E ninguém já ouviu, por certo.
Diz que um homem bicão
Ouviu falar que o Japão
Ficava embaixo da terra.
Pegou logo uma cavadeira,
Começou cavar a eira
E a retirar a terra.
O homem assim foi cavando
E o buraco só aumentando,
Nunca houvera coisa assim
E, então, de forma lenta,
O homem e sua ferramenta
Desapareceram, enfim.
Na Terra do Sol Nascente,
Dona keiko, de repente,
Julgou recomeçar a guerra.
Nunca vira aquilo ali,
Na travessa de sushi,
Estava caindo terra.
Como isto tudo terminou
Meu “contador” não contou,
Nem como bicão se sai.
Mas vou dizer uma verdade:
Eu sinto é muita saudade,
O contador era meu pai.