O escritor e os seus selfies
Rogério Araújo (Rofa) *
Sensação no momento, as selfies tomam conta do cotidiano e dos momentos importantes para todas as pessoas.
Segundo definição oficial, selfie é uma palavra em inglês, um neologismo com origem no termo self-portrait, que significa autorretrato, sendo uma das fotos mais tiradas e compartilhadas na internet na atualidade.
Normalmente, uma selfie é clicada pela própria pessoa que aparece na foto, com um celular que possui uma câmera frontal incorporada, com um smartphone, por exemplo. A particularidade de uma selfie é que ela é tirada com o objetivo de ser compartilhada em uma rede social como o popular Facebook. Uma selfie pode ser tirada com apenas uma pessoa, com um grupo de amigos ou mesmo com celebridades.
A prática de tirar selfies ganhou popularidade a nível global, e algumas tiveram milhões de visualizações. Alguns exemplos desses são a selfie tirada por um grupo de jovens com o Papa Francisco e a selfie tirada nos Oscars, onde aparecem várias estrelas de Hollywood, como Meryl Streep, Julia Roberts, Brad Pitt, Angelina Jolie, etc.
Mas o que isso tem a ver com o que pretende dizer essa coluna de hoje? Tudo!
Simplesmente, o foco do objetivo de uma selfie faz todo o sentido com os textos que um escritor produz, muitas vezes baseado ou inspirado em fatos reais.
Se a selfie é um autorretrato, onde o “autor” é o ator principal e marca presença com outras pessoas num evento ou momento de encontro com amigos, anônimos ou mesmo celebridade e o fato de “compartilhar” com todos, via internet, o que aconteceu.
Assim faz um escritor ao produzir um texto: envolve a si mesmo, como um selfie, e mostra através dele quem está com ele ou junto em diversos e ímpares momentos. Um foco onde pretendo marcar o que aconteceu para os outros saibam e até reflitam a respeito.
Vamos supor que um escritor faça uma “selfie” via seu texto irá fazer conhecido um local lindo de uma paisagem paradisíaca. Pois bem, as pessoas irão visualizar e até “compartilhar”, contar para os outros, embora muitas vezes esta “imagem” esteja apenas em textos, fazendo com que a imaginação flua ainda mais para o leitor.
E, também, essa produção literária pode ser algo triste, fazendo com que quem lê possa examinar e analisar o quanto alguém ou algo pode ter sido tão importante e que, simplesmente, acabou ou morreu.
Parafraseando algo que li esses dias, Se Narciso tivesse um iPhone dourado e o Instagram estivesse instalado, talvez ele achasse algo – além do espelho – bonito. Quem sabe, além de curtir suas próprias fotos e seguir algumas “blogueiras famosas”, Narciso também postasse junto com cada selfie uma frase de inspiração ou uma alfinetada para os recalcados e invejosos. Porque além de lindo, Narciso talvez fosse um guru também, assim como vários outros gurus de Instagram que infestam o aplicativo de fotografia mais famoso da face da terra com frases de autoajuda.
O que mais acontece hoje em dia pelas redes sociais é a exibição de “vidas perfeitas” que tendem a alimenta egos cada vez mais inflados, sem contar com busca para lá de desenfreada por popularidade. A concorrência cada vez mais acirrada faz dos inocentes selfies um ringue de batalha, onde cada pessoa dispute quem consegue mostrar que esteja com pessoas interessantes e quiçá famosas para que todo mundo saiba.
E, as “selfies” pelas lentes ou pelas mãos do escritor podem valorizar, e muito, o que é necessário e não o que é momentâneo ou descartável.
Se todos prestassem mais atenção na vida e no que vem pela frente e não apenas vivesse de forma automática, tudo seria diferente e para bem melhor.
“O ego é dotado de um poder, de uma força criativa, conquista tardia da humanidade, a que chamamos vontade”, disse sabiamente Carl Jung.
Um forte abraço do Rofa!