O escritor e seu reconhecimento
Rogério Araújo (Rofa) *
No dia 25 de julho no Brasil é comemorado o Dia Nacional do Escritor. E qual a sua importância e como ser “reconhecido” no mercado e, principalmente, pelos leitores?
Quando alguém descobre que tem esse dom maravilhoso de conseguir colocar no papel ou na tela de um computador as palavras inspiradas que tem sobre uma verdadeira gama de gêneros e temas mais variados possíveis, é possível extravasar o que está por dentro afligindo e incomodando.
Seja um cronista que observa tudo ao seu redor; seja um contista que cria as maiores fabulas ou historias ficcionais; ou mesmo os poetas que usam versos melódicos ou melosos – todos são escritores e tem seu valor e sempre é reconhecido de uma forma ou de outra.
“A obra literária deve ser sempre melhor do que o autor”, disse Carlos Drumonnd de Andrade (1902-1987, poeta e cronistamineiro em “O Avesso das Coisas”). Ele também disse namesma obra que “Tudo que escrevemos não vale o que deixamos de escrever, certamente referindo-se às ideias que borbulham na mente dos escritores e que simplesmente vão embora como veem como um passara que voa.
“Escritores fazem bem ou fazem mal. Depende de quem os leia”, disse Daniel Piza (1970-), jornalista e escritor paulista (do livro “Dicas da Dad, de DadSquarisi”). Esta frase coloca toda a “responsabilidade” para o leitor. Este que deve ler, refletir e assimilar ou não o que leu e decodificar sendo bom ou ruim para sua vida. Isso que é um “leitor ideal” para todo autor.
“Escrever é não esconder nossa loucura”, disse Arnaldo Jabor (1940-), jornalista e cineasta carioca (“A Invasão das Salsichas Gigantes”). Tudo porque um escritor que se preze não se contém com uma inspiração até ver escrito e desenvolvido. Caso contrário, quem fica ”louco” é o próprio autor.
“O escritor não é alguém que vê coisas que ninguém mais vê. O que ele faz é simplesmente iluminar com os seus olhos aquilo que todos veem em sem se dar conta disso”, disse Rubem Alves (1933-), escritor e psicanalista mineiro (“O Retorno e o Terno”). É uma grande verdade. O escritor tem um olhar aguçado que a todos passa despercebido e a ele não. Algo especial contido que tem a ver com o DOM que ele possui.
“Escrevo para viver, quando gostaria de viver para escrever”, disse Fernando Sabino (1923-2004), escritor mineiro (“O Tabuleiro de Damas”). Quem escreve tem uma agonia intensa de escrever o que imaginou, senão fica totalmente incomodado com isso. E pior que não é compreendido pela maioria das pessoas que ainda acham que é algo que não serve para nada e “não dá dinheiro”.
“Para escrever bem não é preciso muitas palavras, só saber como combiná-las melhor. Pense no xadrez”, disse Millôr Fernandes (1924-), escritor e humorista carioca (“Millôr Definitivo: A Bíblia do Caos”).E não é verdade? Um jogo de palavras do escritor para que o leitor decifre esse “jogo” e os dois consigam junto saírem vencedores: quem escreveu e quem lê.
“Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro”, disse Mário Quintana (1906-1994), poeta gaúcho (“Caderno H”). Frase bem humorada, mas uma realidade. Às vezes um pequeno e simples texto emociona e dá de dez em outros elaborados e feitos para impressionar. Nem sempre os melhores estão naqueles que usam palavras difíceis, mas em quem sabe chegar ao leitor de forma certeira e ser acima de tudo bem compreendido.
“Não há ninguém que abomine mais um autor do que outro autor. Um autor só é solidário com outro no velório do concorrente”, disse Nelson Rodrigues (1912-1980),dramaturgo e jornalista pernambucano (“Flor da Obsessão”). Aqui, o grande cronista brasileiro ironiza a inveja e ciúme entre autores pelo sucesso alheio dos colegas. O que nem teria sentido se imaginarmos que cada um tem seu público e escrita única a seu modo. Um livro de sucesso invejado pelo “colega” nunca poderá ser escrito por este que pode conseguir outros feitos, mas não este porque tem o seu próprio estilo e peculiar.
Sendo assim, por essas e outras frases de escritores sobre a própria arte da escrita ou de obras, o reconhecimento de cada autor acontece em sua excelência pelo leitor. Prêmios, títulos ou destaque na mídia nem sempre querem dizer muita coisa. O que mais importa é ser elogiado e ter como fã, aquele para quem uma obra foi escrita e que não teria sentido e existência de um escritor: o LEITOR.
Um forte abraço do Rofa!