“O lado feminino do Planeta Terra”
Quando sob as nossas cabeças a tempestade desaba refugiamo-nos no nosso espaço de conforto rogando que passe o mais rapidamente possível.
Do alto da nossa sabedoria acusamos os dias húmidos e chuvosos de serem os responsáveis pela depressão originada pela busca passiva de uma felicidade inatingível. Chegamos mesmo ao extremo de acusar o deus criador de um castigo do qual não nos sentimos merecedores.
Numa impaciência infértil, ansiamos pelos dias luminosos com a vã esperança que sejam os raios do astro rei, ao avivarem as cores de tudo o que lá tem estado até então, nos acalentem a alma, nos baralharem os sentidos, nos provoquem suspiros que façam germinar a paixão que conduzirá à tal descarga que elevará o corpo ao clímax da felicidade.
Por comodidade ignoramos que só poderemos desfrutar do prazer da colheita se os campos forem humedecidos, regados, fertilizados e então mais tarde, dependendo da determinação da própria natureza, quando a semente penetrar a terra fertilizada, qual menir hirto, possa então germinar acalentada pela paixão soalheira dos dias mornos de primavera.
Antes porém, das fontes secadas pelo estio terá de jorrar o líquido cristalino e milagroso que tem escondida a fórmula da felicidade, a Água.
Fonte de vida. Símbolo da purificação, da limpeza, do nascimento, da cura, da fertilidade, da fecundação, da transformação, da força, da rebeldia e que tantas vezes, por descuido do único ser racional que habita este planeta azul água, arrasta consigo a morte e a destruição.
A TERRA, um ser feminino na sua plenitude, beleza, capricho e vaidade reclama para si toda a simbologia do líquido que a mantém viva, apaixonante, regenerada e fértil.
Lúcia Papafina (março 2014)
Publicado em 16/04/2014