O LADRÃO
Tranqüilo eu estava em casa
Quando, na porta, alguém bateu
Ao atender, o sofrido rosto
De um estranho apareceu
Apavorado, falou-me
“Por favor, me dê guarida
Estou sendo perseguido
E temo por minha vida
Querem pegar-me porque
Uma coisa eu roubei
Sou um ladrão que lhe pede
Me ajude a escapar da lei”
Ouvi barulhos e tropelos
E gritos: “pega ladrão!
Vamos agora ensiná-lo
Pra que não roube mais não”
Foi um momento difícil
Pra tomar uma decisão
Eu deveria ser justo?
Ou devia ter compaixão?
O tempo era pouco e, decido,
A ouvir meu coração
Num ato de continuidade
Mandei entrar o ladrão
Depois que tudo acalmou
Perguntei ao degredado
Por que, em vez da virtude
Preferiste o pecado?
“Desculpe, moço, lhe conto
Que não tenho opção
Sem preparo, sem estudo
Fico sem colocação
Pra comer, eu e a família
Eu tenho que me virar
E, nesta hora, errado e certo
Não consigo separar
Entro logo num mercado
Espero alguém descuidar
Pego um biscoito, um pão
Pra minha casa vou levar
Muitas vezes aconteceu
Peguei o que estava à mão
E, até agora, meu senhor
Ninguém percebera não
Mas hoje a casa caiu
Estou passando um aperto
Não me delate, por favor
Doravante vou andar certo
Depois de muito conversarmos
O homem daqui partiu
Mas ser criatura regular
Não sei se ele conseguiu
Só sei que falar mal dele
Nunca mais eu escutei
Peço a Deus que a ele ajude
A viver a Sua Lei
Meu Deus, a vós agora peço
De todos os humanos cuidai
Aos pobres, supri, Senhor!
E, aos que sofrem, amparai
São tantos que sofrem, Senhor
Com fome, doença assaz
E caminham pela terra
Sem luz, sem guia, sem paz
Cuidai, Senhor, destes irmãos
Daí lhes saúde e alegria
E ajude a todos nós
A, em Vós, viver nossos dias