ORALIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL
Grande parte das aprendizagens e realizações de atividades são permeadas pela comunicação oral, por meio de trocas de experiências interpessoais com familiares e/ou educadores. Destarte, fazemos um convite a pensar sobre a imprescindível atuação intencional da escola e de seus professores para o desenvolvimento da linguagem oral, visto que a mesma não é inata, mas ocorre por meio da internalização da necessidade de comunicação.
Foi, contudo, somente a partir da década de 1960, que a oralidade ganhou notoriedade, no sentido de que sua importância para manutenção da cultura dos povos e da identidade do falante passou a ser objeto de pesquisas, mas sempre na interface entre o oral e o escrito (Havelock, 1995). Apesar das iniciativas acadêmicas buscando uma aproximação à oralidade, e à defesa do uso intencional da linguagem oral enquanto elemento fundamental, observa-se que ainda há uma deficiência na prática profissional no contexto da escola, o que pode ser causado pela falta de compreensão da mesma como ferramenta de seu trabalho.
Contrário a isto, defendemos que, em uma perspectiva dialética fundada no enfoque Histórico-Cultural o professor, sujeito mais experiente, é parte fundamental para o desenvolvimento psíquico-social do ser humano.
Mais precisamente, é a partir de observações do cotidiano escolar, que me uno, prática e teoricamente, àqueles que se mostram insatisfeitos, inquietos, sejam professores, estudiosos da área, pais ou alunos, quanto à forma como a oralidade é trabalhada em sala de aula.
No atual contexto educacional vivenciado por nós, em que a democratização do acesso ao conhecimento impulsiona a escola a criar espaços que viabilizem a formação de sujeitos cidadãos, na dimensão política e pedagógica da participação, não há como fechar os olhos à necessidade de se trabalhar sistematicamente com a língua falada em sala de aula, uma vez que a mesma traz consigo uma estreita relação com a sociedade e com a cultura daqueles que a utilizam.
A partir de reflexões da minha prática docente na educação, debrucei-me sobre os encaminhamentos pedagógicos das instituições de ensino nas quais trabalhei, e constatei que, embora haja menção da importância do desenvolvimento de todas as habilidades linguísticas, em documentos oficiais, a exemplo dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e das propostas curriculares no processo de ensino e aprendizagem, não há subsídios para que os professores trabalhem sistematicamente com a oralidade em sala de aula.
Referência:
Havelock, A. Equação oralidade – cultura: uma fórmula para a mente moderna. In D. R. Olson, & N. Torrance, Cultura escrita e oralidade. São Paulo: Ática, 1995.