Oralidade: sensibilidade no sentir e no falar
A prática da escuta carrega em si a ideia de respeito, de cooperação entre os falantes, de inclusão. A primeira atitude de quem se preocupa em escutar é controlar a sua própria fala. A este não interessa apenas a sua opinião, mas a do outro é igualmente importante. Cabem aqui as considerações de Gonsalves (2009, p. 112):
[...] Ao se colocar à disposição de alguém para escutá-lo, faça na sua inteireza. Perceba a emoção do outro. As palavras não transmitem todo o conteúdo de uma comunicação. Fique atento às valiosas pistas oferecidas pelo mundo emocional. Aprende-se a escutar aos poucos. É um exercício. É preciso fazer muitas vezes, passo a passo, para internalizar essa estratégia de conduta.
Um dos instrumentos mais importantes do diálogo é o silêncio, por permitir a escuta do outro. As relações que se dão em situações que privilegiam a escuta tendem a satisfazer a todos os envolvidos na interlocução. Escutar o outro é permitir a este que seja, que se expresse, que aconteça. Segundo a concepção de Freire (2004, 1998), o sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade, como inconclusão em permanente movimento na História.
Escutar é uma prática inerente a qualquer atividade oral. Neste sentido, tão importante quanto dizer algo, expressar-se, é saber ouvir, aguardar o instante reservado para as respostas, as contra-argumentações. Só assim, desenvolve-se um diálogo satisfatório e produtivo.
Referência
Freire, P. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho D'Água, 2004.
Freire, P. Educação e Mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
Gonsalves, E. P. Educação Biocêntrica: o presente de Rolando toro para o pensamento pedagógico. João Pessoa: Ed. Universitária – UFPB, 2009.