“Os três males da pequenez humana”
A inveja
É o fel amargo que se espalha pelo corpo.
Que encrua as palavras e intoxica os gestos.
Que estripa a amizade que supostamente existia.
Que asfixia a inteligência.
Que por ser coroa espinhosa de sentimentos
fere,
magoa,
desilude…
Faz do coração terreno infértil e ressequido
por desejar infinitamente
aquilo que a outro pertence.
A presunção da perfeição
É a arma dos que se acoitam no silvado da cobardia.
Que não tendo coragem para realizar os próprios sonhos
aguardam camuflados com o estandarte da sabedoria
que qualquer sonhador não anunciado se revele.
Para numa suposta batalha em defesa do primor
erguerem um exército manobrável.
Numa causa cuja intenção não é mostrar caminho
Mas sim derrubar o empreendedor.
A soberba
Mãe de todos os males da humanidade.
Causa de infindáveis conflitos.
É a espada com que os arrogantes
tentam infligir os humildes.
É o pedestal de onde os imodestos
fazem resvalar seu manto de escuridão.
É tentar ser aquilo que não se é
numa estratégia dissimulada
para dominar o conhecimento.
Lúcia Papafina - Julho de 2014