Outro Natal
Vi-te despido, triste e agachado
Mexendo e remexendo na lixeira,
Em busca de alimento, um só bocado
Para enganar a fome a vez primeira
Depois vi-te na rua esfarrapado,
Prostrado lá num canto a tarde inteira
A mendigar um ombro dedicado
Para fazer de tua travesseira
E ao ver essa criança entrar na luta
Nos braços de uma jovem dissoluta
Que anda pela vida ao Deus-dará,
Qual pária, caminhei triste, sozinho,
Na esp'rança de encontrar no meu caminho
Um novo alvorecer, um amanhã!