PATRIOTISMO VERSUS BAIRRISMO – Por SILVA NETO
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A propósito das manifestações ocorridas nos dias 13 e 15 de Março, viajo em pensamento ao passado. Vou precisamente ao tempo em que havia nos currículos escolares a matéria Educação Moral e Cívica (hoje extinta).
Nessa época, estudava no Colégio Diocesano de Garanhuns, Pernambuco, onde cursei do fundamental até a conclusão do segundo grau científico, sendo aluno interno no Mosteiro de São Bento daquela Cidade.
Colégio referência no Estado, o Diocesano era famoso pela educação rígida aplicada aos alunos, sob a direção do então Padre Adelmar da Mota Valença.
A propósito, o referido Colégio festeja este ano seu centenário.
Lembro-me, ainda, das aulas de Civilidade, às quintas-feiras, na imensa Capela do Colégio, onde se aglomeravam centenas de alunos sentados e atentos.
As aulas eram ministradas pelo Padre Adelmar que não dispensava sua batina preta, apesar da liberalidade do uso do hábito. Por isso, nós alunos chamava-o “Cavaleiro Negro” (sem que ele soubesse, é claro).
Naquela época aprendíamos a amar a pátria, respeitar os símbolos nacionais (bandeira, hino, brasão, heróis do passado, riquezas naturais, patrimônio material e imaterial, costumes e tradições).
Aprendíamos desde higiene pessoal, as boas maneiras; o respeito pelos mais velhos, mulheres e crianças; a proteger o patrimônio público e privado, as instituições religiosas.
Cantávamos o Hino Nacional antes de entrarmos em aula. Rezávamos em classe, respeitávamos os professores e fazíamos as traquinagens normais de todo adolescente. Mas, o tempo se foi, e a inversão de valores perpetuou na era moderna, suprimindo até os bons currículos escolares e com ele os valores indispensáveis de cidadania.
Entramos na era moderna, na incivilidade, na anarquia institucionalizada do sentimento de bairrismo e de revanche.
Mesmo porque Patriotismo não se afina com Bairrismo. São sentimentos inteiramente distintos.
Patriotismo é o sentimento de verdadeiro amor pela pátria. É a aclamação em defesa da pátria ditando palavras de ordem, r ememorando seus heróis e sua história. É o orgulho que se sente pelas conquistas alcançadas no campo da diplomacia, do diálogo com outras nações.
Enquanto Bairrismo é a paixão exacerbada em defesa do lugar onde se nasceu em detrimento de outra Cidade, Região ou Partido Político, em que prevalece o cisma, a divisão, fomentando a disputa, a intriga, a guerra.
Eis as duas faces da bandeira. Em que lado devemos ficar?