Penitência
Ela ia todas as terças-feiras à novena.
Os pés descalços
Na terra quente da tarde
Os olhos baços
Pedindo piedade:
“Valei-me, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”!
- Por que não te calças?
Perguntavam alguns
Espantavam-se todos
- “vou pagar à Santa uma promessa”!
– dizia ela se apressando -.
Voltava à casa
Já ia a noite chegando
Não se cansava de tanta reza.
A Santa silenciosa
Olhava pra ela enternecida
Via seus pés feridos das pedras do chão
Pelas incertezas da vida
Pelos maus tratos
Chorava calado o seu coração
Um dia, pode finalmente comprar sapatos...
Foi pra Novena agradecer a emoção.
Foi de lotação.