Tânia Dantas Gama
Na expectativa de suscitar reflexões e discussões sobre estes conceitos...
A escola, atualmente, vem enfrentando, dentre outros, o problema da violência. A violência entra em nossas casas mudando nossas vidas, nossos valores, nossas famílias, nossos comportamentos. Desse modo, a violência traz a marca de uma sociedade excludente, que ainda não deu a devida atenção a sua inserção na formação docente e na prática escolar.
Nessa perspectiva, é papel da escola estimular os valores éticos nos estudantes. É no cotidiano escolar que as crianças vivenciam atividades que, favorecendo sua objetividade, desenvolvem a capacidade amorosa que existe dentro delas, fazendo germinar os valores humanos em seu coração. Certamente isto se refletirá no comportamento familiar, social e profissional.
No entanto, observa-se no discurso dos professores que estes conceitos não são inseridos, na sua inteireza, no ensino aprendizagem, bem como também não são evidenciados no cotidiano escolar. A escola ainda está focada no cumprimento de planos cuja ênfase é dada apenas aos conteúdos específicos de cada disciplina. Isto tem contribuído para um ensino que não forma para a vida, não desperta interesses nos jovens nem tampouco se adéqua às necessidades do mundo globalizado.
Na afirmação de Silva (s/d) a ética pode ser entendida de maneira geral como o grande pilar na reconstrução da sociedade brasileira, tendo indiscutivelmente um papel fundamental na mudança de paradigmas enquanto possibilidade de transformação social. De modo geral os valores humanos, segundo Boudon e Bourricaud (1993), são consensos formados a partir de discussões, conflitos ou acordos entre uma pluralidade de atores e que servem para orientar comportamentos numa dada sociedade.
A palavra ética do grego éthos (modo de ser) segundo Chauí (2000) significa “o caráter de alguém” (p. 305). Contudo em sua variação êthos significa “o conjunto de costumes instituídos por uma sociedade para formar, regular e controlar a conduta de seus membros” (p. 305). Dessa forma, pode-se observar que existem duas éticas abordadas pela autora: a primeira de caráter mais individual, expressando característica pessoal, singular de uma pessoa, e outra englobando uma perspectiva mais social, normativa, que inclui a ética como regras que devem ser seguidas por todos.
Para Chauí (2000) a consciência moral é intrínseca ao ser humano. Ela possibilita ao homem a capacidade para discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado, o justo e o injusto. Para a autora a ética também é normativa porque determina permissão e proibição, visando impor limites e controle. Neste caso, embora a ética não se constitua uma lei, a lei é embasada pelos princípios éticos.
A reflexão ética traz à luz a discussão sobre a legitimidade de práticas e valores consagrados no trabalho docente. Trata-se, portanto, de discutir o sentido ético da convivência humana sob a ótica do respeito e do diálogo. Nessa perspectiva, respeito quer dizer reconhecimento da dignidade própria ou alheia.
Nesse contexto, respeito e diálogo são fundamentais para garantir que o processo ensino-aprendizagem ocorra com sucesso. Assim, o diálogo somente é possível quando as pessoas envolvidas se respeitam mutuamente. Portanto, o diálogo é uma arte que deve ser ensinado e cultivado. Neste entendimento, a escola é um espaço valioso onde o diálogo poderá ser transformado em uma atitude cotidiana.
REFERÊNCIAS
BOUDON, R; BOURRICAUD, F. Dicionário Crítico de Sociologia. Ed. Ática: São Paulo, 1993.
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. Ed. Ática: São Paulo, 2000.
SILVA, M. P. Precisamos de uma Ética, mas qual? - A introdução da Ética na Escola. Disponível no site: http: //www.hottopos.com/videtur2/marli.htm (acessado em 17/5/2008).
publicado em 15/02/2014