PERALTICES CONTEMPORÂNEAS
Mirian Menezes de Oliveira
Os pais dos garotos sempre foram zelosos, cuidando, com esmero, da educação dos meninos. Num universo, em que a crise de valores impera, seria bem merecido que o casal recebesse um troféu de pais exemplares, pelos minuciosos cuidados.
Mas sabe como é criança, não?
Criança terá sempre um pouco de peraltice, ainda que de maneira discreta. O que modifica, realmente, é o contexto da “arte”, no mais, não vejo grandes alterações.
Pois foi numa tarde de sábado: família reunida rumo ao shopping.
No local, todos de mãos dadas, apreciavam as vitrines, antes de comerem “aquele” lanche e usufruírem, um pouquinho, dos brinquedos eletrônicos.
Um segundo... somente um segundo... e o garoto escapou da mão do pai, deixando a mãe em estado de desespero.
Como aquilo era possível? Sumir assim... sem mais, nem menos...
O pai correu de um lado, a mãe do outro, com o filho mais velho, bem grudado a si. Perguntaram ao segurança, às pessoas... Ninguém vira o menino. Quando o pai já estava quase acionando a gerência e a polícia, eis que, embaixo de seu nariz, bem à frente, viu o menino parado, entre os manequins de uma loja (durinho, sem respirar!).
Não acreditando naquilo, o pai fixou os olhos, chamou os demais membros da família e pôs-se a observar a cena, tentando adivinhar o pensamento do filho. O garoto de cinco anos não piscava; era a mimese perfeita dos manequins. O irmão mais velho balançou a mãozinha, dando tchau; a mãe fez sinal para que saísse dali I-ME-DIA-TA-MEN-TE e o pai não aguentou e tirou uma foto.
Após o retorno do menino ao mundo real e a merecida bronca, os pais refletiram sobre o acontecido:
“Coisa incrível! Sumiu tão rápido como a mensagem enviada por watsapp; infiltrou-se na loja, como um super-herói invisível dos filmes de ação, ou de vídeo-games; posicionou-se, sutilmente, fazendo-se ver por todos! Por todos?”
O passeio não acabou por ali e teve final feliz, mas acreditem: os pais ficaram perplexos por longos e vários dias!
Hashtag ... Peraltice contemporânea!
O que mais podemos dizer?